sistema producao cacau

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    MINISTRO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTOMARCUS VINCIUS PRATINI DE MORAIS

    DIRETOR DA CEPLACHILTON KRUSCHEWSKY DUARTE

    SUPERINTENDENTE REGIONAL DA AMAZNIA ORIENTALADEMIR CONCEIO CARVALHO TEIXEIRA

    SERVIO DE PESQUISARAIMUNDO CARLOS MIA BARBOSA

    SERVIO DE EXTENSO RURALCARLOS EDILSON SILVA DE OLIVEIRA

    SEO DE GERAO DE TECNOLOGIAPAULO JLIO DA SILVA NETO

    SUPERINTENDENTE REGIONAL DA AMAZNIA OCIDENTALJOO VALRIO DA SILVA FILHO

    SERVIO DE PESQUISACAIO MRCIO VASCONCELOS CORDEIRO DE ALMEIDA

    SERVIO DE EXTENSO RURALPAULO GIL GONALVES DE MATOS

    MINISTRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTOCOMISSO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA

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    SUPERINTENDNCIA REGIONAL DA AMAZNIA ORIENTALKm 7, Rodovia augusto Montenegro, CEP 66.635-110Caixa Postal 1801, Belm, Par, Brasil

    SUPERINTENDNCIA REGIONAL DA AMAZNIA OCIDENTALAv. Jorge Teixeira, n 85, Bairro Nova Porto Velho,CEP 78.906-100, Porto Velho, Rondnia, Brasil

    2001

    COMISSO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA

    SISTEMA DE PRODUODE CACAU PARA A

    AMAZNIA BRASILEIRA

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    ORGANIZAO

    Paulo Jlio da Silva Neto - Coordenador

    Paulo Gil Gonalves de Matos

    Antnio Carlos de Souza Martins

    Accio de Paula Silva

    633.74S586 Silva Neto, P. J. da et ai

    Sistema de produo de cacau para a Amaznia brasileira.Belm, CEPLAC, 2001.

    125p.

    ISSN 0102-5511

    1. Botnica 2. Agricultura 3. Cacau 4. Vassoura-de-bruxaI. Matos, Paulo Gil Gonalves de II. Martins, Antnio Carlosde Souza III. Silva, Accio de Paula IV. Ttulo.

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    APRESENTAO

    Nos ltimos anos, e particularmente nesta dcada, o cenrio agropecurio brasileiro tem

    passado por profundas transformaes. Tais mudanas, sinalizam de forma bastante clara para a

    seguinte conjuntura: nos dias atuais, no basta simplesmente que o produtor rural disponha dedeterminao, fora e terra disponvel para plantar. A realidade tem demonstrado, que alm

    desses fatores, de suma importncia que o homem do campo busque e utilize tecnologias que

    viabilizem a produo e o acmulo de riquezas, ou seja, a qualificao e o uso de tecnologias

    apropriadas so condies indispensveis para que o agricultor no s possa produzir com

    segurana e competitividade, mas principalmente, lhe possibilite manter a viabilidade econmica

    de suas ati vidades agropecurias. Com base nessas consideraes e sintonizada com os anseios e

    necessidades advindas do meio rural, a Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira -

    CEPLAC tem a satisfao de oferecer ao pblico em geral - e em particular aos seus parceiros -

    clientes (produtores), tcnicos, empresrios, organizaes associativistas ligadas cadeiaprodutiva do cacau e aos estudantes de Cincias Agrrias - a publicao revisada do "Sistema de

    Produo de Cacau para a Amaznia Brasileira" .

    Dessa forma, este trabalho significa mais uma contribuio atualizada e organizada para

    difundir o elenco de tecnologias desenvolvidas atravs dos resultados da pesquisa e

    experimentao agrcola, bem como de experincias bem sucedidas de tcnicos e produtores.

    Almeja-se desse modo, que as informaes e recomendaes possam reduzir os custos de

    implantao e de manuteno de reas cacaueiras e gerar aumento de produtividade para os

    agricultores amaznidas, atravs da oferta de opes tecnolgicas que sejam adaptveis e

    acessveis aos produtores tornando os sistemas de produo mais rentveis tcnica e

    economicamente.

    Hilton Kruschewsky DuarteDiretor Geral CEPLAC

    Ademir Conceio Carvalho Teixeira Joo Valria da Silva FilhoSuperintendente Regional da Amaznia Oriental Superintendente Regional da Amaznia Ocidental

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    AGRADECIMENTOS

    O Grupo de Trabalho manifesta seu reconhecimento a todos aqueles que direta ouindiretamente contriburam para a realizao deste Sistema de Produo:

    Aos Srs. Superintendentes, da SUPOR, Dr. Ademir Conceio Carvalho Teixeira e da

    SUPOC, Dr. Joo Valrio Silva Filho;Aos colegas interiorizados e aos agricultores, pela solicitude com que nos acompanharam,

    bem como pelas informaes que de certa forma enriqueceram este trabalho;

    Agradecemos ainda, s seguintes pessoas:

    Cleber Novais Bastos, Jailson Rocha Brando, Alino Zavarise Bis, Francisco das Chagas deMedeiros Costa, Paulo Herinque Fernandes Santos, Carlos Edilson de Oliveira, Diemerson CorraBarile, Paulo Srgio Bevilqua de Albuquerque, Aliomar Arapiraca da Silva, Jasson Luiz PinheiroMoreira, Caio Mrcio Vasconcelos Cordeiro de Almeida, Glucio Csar Vieira da Silva, FernandoAntnio Teixeira Mendes, Ana Maria Duarte Lima, Antnio Hermes Zacchi, Carlos Alberto

    Corra, Olzeno Trevizan, Suely Paraense Vidal, Renata Teixeira da Silva, Dorival Alves de Aguiar,Amintas de Oliveira Brando, Antnio Francisco Neto, Jos Antnio Monteiro dos Santos, PedroPaulo da Costa Mota, Pedro Corra do Santos, Admilson Mota de Brito pelas valiosascontribuies, comentrios, crticas e sugestes.

    Na oportunidade, a Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, atravs dasSuperintendncias Regionais da Amaznia Oriental e Amaznia Ocidental, e os autores agradecemo empenho especial do Banco da Amaznia S/A e da Associao de Assistncia Tcnica deExtenso Rural de Rondnia-EMATER(RO), pelo patrocnio prestado edio desta publicao.

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    SUMRIO

    CONSIDERAES PRELIMINARES .......................................................................................................... 8INTRODUO ................................................................................................................................................ 9CLASSIFICAO BOTNICA ................................................................................................................... 10

    Caracterstica da Planta............................................................................................................................. 10

    REGIES PRODUTORAS DE CACAU NA AMAZNIA ..................................................................... 12ASPECTOS EDAFOCLIMTICOS PARA O CULTIVO ......................................................................... 14

    Clima............................................................................................................................................................ 14Solo............................................................................................................................................................... 15

    ESCOLHA E PREPARO DE REA ............................................................................................................ 16Escolha de rea........................................................................................................................................... 16Preparo de rea.......................................................................................................................................... 16Balizamento................................................................................................................................................ 16

    FORMAO DE MUDAS ........................................................................................................................... 17Construo do Viveiro.............................................................................................................................. 17Semeadura.................................................................................................................................................. 17Tratos Culturais no Viveiro...................................................................................................................... 18

    PLANTIO DO SOMBREAMENTO PROVISRIO E DEFINITIVO ....................................................... 21PLANTIO DO CACAUEIRO ....................................................................................................................... 22MANEJO DE CACAUEIRO NO CAMPO ................................................................................................. 23

    Controle de Plantas Daninhas.................................................................................................................. 23Poda e Desbrota......................................................................................................................................... 24Manejo do Sombreamento........................................................................................................................ 24Manejo Qumico do Solo para o Cacaueiro............................................................................................ 24Manejo das Pragas..................................................................................................................................... 34Principais Doenas do Cacaueiro e Medidas de Controle................................................................... 44Precaues Gerais no Uso de Agrotxicos............................................................................................. 50

    O CACAUEIRO NOS ECOSSISTEMAS DAS VRZEAS DOS ESTADOS DO PAR EAMAZONAS .................................................................................................................................................. 54BENEFICIAMENTO DO CACAU .............................................................................................................. 57ARMAZENAMENTO DE CACAU ............................................................................................................ 60PADRONIZAO DE AMNDOAS DE CACAU .................................................................................. 61APROVEITAMENTO DE SUBPRODUTOS E RESDUOS DO CACAU .............................................. 63ENFOQUES SOBRE CACAUEIROS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS .......................................... 67NDICES TCNICOS .................................................................................................................................... 73CALENDRIO AGRCOLA PARA O CULTIVO DO CACAUEIRO ................................................... 77BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................................................ 79

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    CONSIDERAESPRELIMINARES

    A explorao agropecuria do trpico mido brasileiro tem se caracterizado como um grandedesafio para todos aqueles diretamente envolvidos na elaborao, estabelecimento e conduo de programase projetos agrcolas sustentveis.

    A necessidade de que esse ecossistema seja explorado racionalmente pelo homem, implica, nosomente, na colocao em prtica de sistemas agrcolas que possam contribuir para o desenvolvimento

    econmico da regio e consequente melhoria de renda e do nvel de vida das populaes a estabelecidas,mas, principalmente, com o equilbrio do ecossistema. Em outras palavras, implica a necessidade doestabelecimento e explorao de atividades que apresentem comprovada relevncia econmica, bem como,reais possibilidades de incremento sustentabilidade ambiental.

    Dentro desta perspectiva, no h dvidas que a cacauicultura tem se mostrado um empreendimentoapropriado e bastante promissor para a regio. Isto porque, essa lavoura, pelas suas caractersticasparticulares por possibilitar interessante retorno financeiro, mantenedora do equilbrio ecolgico, fixadorado homem terra -. alm de se enquadrar perfeitamente s peculiaridades agroecolgicas dos trpicosmidos, tambm tem demonstrado ser uma alternativa segura para a melhoria das condies scio-econmcas de suas populaes.

    A Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, no incio das suas atividades

    junto aos agricultores e comunidades rurais amaznidas, se por um lado, dispunha de informaesrelevantes acerca das caractersticas, notencialidades e limitaes edafoclnnticas da regio. Por outro,contava com limitado grau de informaes e de conhecimentos especficos sobre o comportamento epossibilidades de desenvolvimento da cacauicultura nessas novas reas. Como consequncia, veio aconduzir seu programa de expanso da cacauicultura na Regio Amaznica, calcada, em grande parte, naadaptao de resultados e procedimentos oriundos de experimentos de pesquisas produzidos no Estado daBahia.

    Somente com o passar dos anos que, paulatinamente, foram sendo produzidos conhecimentos,bem como, geradas informaes mais adaptadas ao comportamento, possibilidades e desempenho dessalavoura no mbito desse novo contexto. Dessas observaes e resultados de pesquisa, foram produzidos em1980 e 1985 os Sistemas de Produo de Cacaueiros para a Amaznia Brasileira. O contedo de tais publicaes, ato presente momento, tem se constitudo em peas importantes da CEPLAC, principalmente, no que concerne orientao e ao trabalho de assistncia tcnica aos agricultores.

    Evidentemente, que daquela poca aos dias de hoje, muito j foi observado, estudado e produzido,no s plos setores da pesquisa - inclusive com experimentos concludos e publicados -, como tambm poragricultores. Ou seja, existe sem dvida, uma gama de resultados e informaes de interesse relevante sobrea explorao racional da cacauicultura em condies amaznicas. Entretanto, a exemplo do que foi feito emanos anteriores, preciso que todo esse acervo de conhecimentos seja analisado, discutido e repassado clientela demandante do nosso trabalho, que so os agricultores.

    Com base nestas consideraes, colocamos disposio dos interessados esta publicao. Nestetrabalho, procuramos revisar a literatura disponvel, conversar com tcnicos e especialistas que trabalham nosetor de pesquisa, visitar reas de agricultores, trocar ideias com os mesmos, com os extensionistas dasdiversas localidades, na tentativa de atualizar e consolidar o que de mais relevante e de mais aderente

    realidade dos nossos produtores, tem sido produzido sobre a lavoura cacaueira nos trpicos midos.Alm deste enfoque relacionado atualizao dos "Sistemas de Produo do Cacaueiro na

    Amaznia Brasileira", tendo em vista as novas demandas dos agricultores, tambm nos preocupamos emcoletar, revisar e analisar informaes disponveis sobre o cultivo do cacaueiro em reas de vrzeas,bemcomo, a explorao dessa lavoura associada a outras culturas de reconhecido valor econmico.

    Sobre estas temticas, j existem alguns resultados de pesquisa, trabalhos publicados por diversasInstituies com atividades na rea, unidades de observao e experimentos conduzidos por especialistas eagricultores com resultados surpreendentes.

    Com base nestas informaes e dados, discorremos sobre alguns arranjos envolvendo cacaueiroscom espcies perenes, semi-perenes e anuais que apresentam caractersticas favorveis ao cultivoconsorciado. Tal iniciativa tem por base oferecer novas possibilidades de explorao aos agricultores, que

    permitam, alm de oferecer maior equilbrio ecolgico, maiores ganhos econmicos por rea explorada.

    COMISSO ORGANIZADORA

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    INTRODUOAntonio Carlos de Souza Martins

    No Brasil, embora o cacaueiro (Theobroma cacao) se encontrasse vegetando naturalmentecomo uma parcela significativa do revestimento florestal amaznico, e j fizesse parte da culturaindgena desde muito antes da chegada dos colonizadores principalmente no que concerne ao

    aproveitamento da sua polpa para produo de vinho -, as primeiras iniciativas de exploraoeconmica do produto na Regio Amaznica s comearam a ganhar impulso durante o perodocolonial. Os esforos deflagrados pela Coroa Portuguesa com vistas a solucionar deficinciasfinanceiras iro desencadear uma srie de intervenes governamentais, cujo objetivo primordialconsistia em fomentar o cultivo deliberado dessa planta e o conseqente aproveitamento comercialda matria prima proveniente do seu beneficiamento.

    Entretanto, no obstante os significativos resultados obtidos e a constituio dacacauicultura no principal componente da pauta dos produtos vendidos ao exterior pelaAmaznia especialmente no sculo compreendido entre os anos de 1730 e 1830, com exportaesanuais de at 100 mil arrobas de amndoas secas de cacau para o mercado portugus -, deve ser

    ressaltado que o desenvolvimento da lavoura cacaueira no Norte do Brasil sempre se efetivou e seencaminhou centralizado numa forma rudimentar de explorao. Ou seja, alicerado noaproveitamento e beneficiamento de um produto que vegetava e se reproduzia espontaneamente,sem a menor preocupao com o melhoramento gentico das plantaes e o conseqente empregode prticas direcionadas ao aprimoramento das caractersticas de produo, produtividade,resistncia as pragas, doenas etc. Tratava-se, na verdade, de uma economia efetuada sob regimeeminentemente extrativista e que apresentava uma debilidade latente.

    Neste contexto, se de um lado foi uma atividade agrcola surgida como opo econmicavivel e por muito tempo de importncia no quadro das exportaes regionais de outro, a faltade preocupao das autoridades governamentais quanto necessidade do estabelecimento de umprograma compromissado com a execuo da poltica cacaueira fundamentada em bases tcnicas e

    racionais de explorao constituiu-se no fator determinante para que o cultivo dessa planta no sedesenvolvesse de maneira sustentada e permanente na Amaznia.

    Assim, com o decorrer do tempo, a fragilidade de uma economia do cacau calcadaprimordialmente na explorao extrativa comeou a demonstrar sua vulnerabilidade. No incio dosculo XIX, as plantaes ingressaram em fase de decadncia irreversvel, caracterizada pelodeclnio sistemtico e acentuado na quantidade de frutos colhidos e no volume de matria-primaproduzida, cujos desdobramentos tiveram reflexos significativos no desempenho das exportaes.

    Tal performance de "dbcle", coligada com alguns acontecimentos desencadeados naprimeira metade deste sculo foi decisiva a perda de hegemonia da cacauicultura e sua paulatinasubstituio pela explorao econmica da borracha proveniente dos seringais da Amaznia. Isto

    se deu particularmente graas descoberta da vulcanizao por Goodyear em 1839, que conferiumaior rentabilidade econmica explorao da seringueira (Hevea brasiliensis) e com isso tornou aatividade agrcola de extrao do ltex muito mais atraente em termos financeiros do que asdemais opes agropecurias colocadas disposio dos colonos.

    Somente a partir da dcada de 1960, com o incio das atividades da CEPLAC na RegioAmaznica e mais precisamente no decorrer de 1976, com o advento do Plano de Diretrizes paraExpanso da Cacauicultura Nacional (PROCACAU)1, que essa atividade iria receber um impulsonotvel e comear a se constituir em uma atividade econmica explorada de maneira racional ecom orientao tcnica qualificada nos Estados amaznicos.

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    Com esse programa - que objetivava a maximizao da produo brasileira para elev-la a um patamar de 700 mil toneladas de amndoas secas/ano e garantir aconsolidao do Brasil como principal produtor mundial -, o Governo Federal deu incio, atravs da CEPLAC, a implantao de 300 mil hectares de novoscacaueiros e a renovao de outros 150 mil hectares em plantaes decadentes e de baixa produtividade da Bahia e Esprito Santo. Alm dessa rea, tendo em vista aimpossibilidade das regies cacauicultoras tradicionais assumirem sozinhas as diretrizes e metas estabelecidas pelos planos de expanso da cacauicultura, a CEPLACsincronizou seus objetivos com as aes do Governo Federal de apoio e incentivo ocupao da Regio Amaznica e tambm direcionou para o norte do pas umaparcela desse programa.

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    No Brasil, o cultivo do cacaueiro encontra-se disseminado por cinco Estados da Federao.No Estado da Bahia figura como principal produto agrcola, bem como, tem sido durante dcadas,um dos seus mais importantes fatores de desenvolvimento econmico.

    Em conformidade com as diretrizes do Ministrio da Agricultura e do Abastecimento paraas regies produtoras do Brasil, a CEPLAC possui um programa de desenvolvimento sustentadona Amaznia com uma estrutura operacional que contempla, para o leste amaznico, a

    Superintendncia Regional da Amaznia Oriental (SUPOR), com sede em Belm-PA e responsvelpela coordenao das atividades dos plos cacaueiros situados nos Estados do Par e Mato Grosso.O oeste da regio de responsabilidade da Superintendncia Regional da Amaznia Ocidental(SUPOC), com sede em Porto Velho-RO, e responsvel pela coordenao das atividades dos ploscacaueiros situados nos Estados de Rondnia e Amazonas.

    Desta forma, partindo de uma rea inexpressiva em termos de produo de 1.500toneladas/ano, caracterizada por um estgio incipiente e limitada de conhecimentos tecnolgicos,tanto com relao ao cultivo do cacaueiro, quanto ao beneficiamento do cacau e seus subprodutos.A CEPLAC atualmente assessora e orienta tecnicamente nos Estados do Par, Rondnia,Amazonas e Mato Grosso o plantio de aproximadamente 90 mil hectares de lavouras cacaueiras.Assiste tambm a um total de 11.000 estabelecimentos rurais que, juntos, produzemaproximadamente 60.000 toneladas de amndoas secas de cacau.

    Com base nestas consideraes, almeja-se que as informaes, experincias e conhecimentosoriundos da investigao e experimentao com o cultivo do cacaueiro, bem como as percepes econcepes emanadas dos produtores rurais, contidas neste trabalho, se traduzam no somente emcontribuies relevantes aos sistemas de produo em uso pelos agricultores, mas que contribuamprincipalmente para manter a expanso da cacauicultura em bases tcnicas e racionais na RegioAmaznica.

    CLASSIFICAO BOTNICA

    Paulo Jlio da Silva Neto

    O cacaueiro uma planta da famlia Sterculiaceae, gnero Theobroma. uma plantaoriginria do continente Sul Americano, provavelmente das bacias dos rios Amazonas e Orinoco,onde foi encontrado, em condies naturais, sob o dossel de grandes rvores da floresta tropical.

    No incio do sculo XVII, o cacau foi citado pela primeira vez na literatura botnica, porCharles de Lcluse que o descreveu com o nome de Cacao fructus, porm, em 1737 foi classificadopor Linneu como Theobroma fructus, para em 1753 ser modificado para Theobroma cacao,denominao que permanece atualmente.

    Caracterstica da Planta

    O cacaueiro uma planta que pode atingir 5 a 8m de altura e 4 a 6m de dimetro da copa,quando proveniente de semente. Em conseqncia dos fatores ambientais que influenciam nocrescimento estas dimenses podem ser ultrapassadas.

    Quando o cultivo feito a pleno sol, sua altura pode ser reduzida, entretanto pode alcanarat 20m em condio de floresta, devido a competio por luz com outras espcies.

    O sistema radicular consta de uma raiz pivotante que tem o seu comprimento e formavariando de acordo com a estrutura, textura e consistncia do solo. Em solos profundos com boaaerao constatou-se um crescimento da raiz pivotante de at 2m. As razes secundrias estolocalizadas em maior nmero na parte superior da pivotante e afastam-se desta de 5 a 6 metros.Estas razes so responsveis pela nutrio da planta e geralmente encontram-se de 70 a 90% nosprimeiros 30cm do solo.

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    O caule ereto, e com a idade aproximada de 2 anos, tem o crescimento da gema terminaldetido a uma altura entre 1,0 e 1,5m, surgindo nessa ocasio a primeira ramificao ou coroa,composta de 3 a 5 ramos principais, os quais multiplicam-se em outros laterais e secundrios.

    Nos primeiros anos, o cacaueiro apresenta a casca do tronco lisa. Mais tarde, emdecorrncia do permanente desenvolvimento das almofadas florais, a mesma torna-se spera erugosa. As folhas, quando novas, apresentam uma gradao de tonalidades a depender de cultivar

    ou clone, do verde plido mais ou menos rosado ao violeta, de acordo com a quantidade depigmentos de antocianina presente. Com o amadurecimento, as folhas perdem sua pigmentao,tornando-se de cor verde-plidas, e por fim, verde-escuras, adquirindo rigidez. As folhas sooblongas, acuminadas e glabas com nervura central proeminente.

    O cacaueiro uma planta caulifloria, as flores surgem em almofadas florais no tronco ounos ramos lenhosos, em uma gema desenvolvida no lugar da axila de uma antiga folha. As floresso hermafroditas e possuem a seguinte constituio: cinco spalas, cinco ptalas, cincoestaminides, cinco estames e um pistilo cujo ovrio possui cinco lojas.

    Na Regio Amaznica o cacaueiro apresenta dois picos de florao: um menor que coincidecom o incio do perodo menos chuvoso e um principal que ocorre no final do perodo de estiagem

    e incio do perodo chuvoso. Anualmente, um cacaueiro adulto pode produzir at mais de 100.000flores, das quais menos de 5% so fertilizadas, sendo que apenas cerca de 0,1% se transformam emfrutos. As flores no polinizadas caem no perodo de quarenta e oito horas.

    Os botes florais, atingindo o mximo de desenvolvimento, iniciam a abertura tarde coma separao das extremidades das spalas, completando-se na manh seguinte, nas primeirashoras. Quando as flores, depois de polinizadas, so realmente fertilizadas, permanecem fixadas nopednculo, desenvolvendo o ovrio em futuro fruto.

    As flores do cacaueiro apresentam caracteres estruturais que limitam sua polinizao quaseque exclusivamente a insetos, apesar de hermafroditas e homgamas. Isto deve-se ao fato doestigma (feminino) encontrar-se envolvido por um crculo de estaminides (masculino) e de suas

    anteras apresentarem envolvidas por formao recurvadas das ptalas, denominadas de cgula.Os principais agentes polinizadores do cacaueiro so constitudos por um pequeno grupo deinsetos, da famlia Ceratopogonidae, gnero Forcipomya. A sincronizao entre os perodos deflorao intensa e o perodo de maior populao de adultos Forcipomya que permitir o maior oumenor sucesso no processo reprodutivo do cacaueiro. Por esta razo no recomendvel realizar aaplicao de agrotxicos, principalmente de inseticidas, evitando-se assim, prejudicar apolinizao.

    O fruto de cacau apresenta um pericarpo carnoso composto de trs partes distintas: oepicarpo que carnoso e espesso, cujo extrato epidrmico exterior pode estar pigmentado, omesocarpo, que delgado e duro, mais ou menos lignificado, e o endocarpo, que carnoso,

    mais ou menos espesso.O fruto est sustentado por pednculo lenhoso, proveniente do engrossamento do pedicelo

    da flor.

    Normalmente, os frutos quando jovens apresentam colorao verde, e amarela quandomaduros. Outros so de cor roxa (vermelho-vinho) na fase de desenvolvimento e alaranjado noperodo de maturao.

    O perodo compreendido entre a polinizao e o amadurecimento do fruto varia de 140 a205 dias, com uma mdia de 167 dias.

    O ndice de frutos (n de frutos necessrios para obter 1 kg de cacau comercial) em geral,de 15 a 31 frutos.

    A semente de cacau tem a forma que varia de elipside a ovide, com 2 a 3cm decomprimento recoberta por uma polpa mucilaginosa de colorao branca, de sabor aucarado ecido. O embrio formado por dois cotildones, cujas cores podem variar do branco ao violeta.

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    As sementes do cacaueiro so muito sensveis s mudanas de temperatura e morrem em poucotempo, quando sofrem desidratao.

    A semente o principal produto comercializado, aps fermentao e secagem, parafabricao de chocolate, nas diversas formas. Das sementes extrai-se tambm a manteiga, muitoutilizada na indstria farmacolgica e na fabricao de cosmticos. A polpa que envolve assementes rica em acares, sendo utilizada na fabricao de gelia, vinho, liquor, vinagre e suco.

    Com relao ao ciclo de vida, o cacaueiro apresenta caractersticas de perenidade, cujo ociclo pode ultrapassar a cem anos, ainda apresentando desenvolvimento vegetativo com potenciaispara boa produtividade.

    Na Regio Amaznica, em condies naturais, na floresta, existem reas, principalmente asde vrzea, em que os agricultores que cuidam da lavoura cacaueira j esto na 3 gerao dafamlia.

    REGIES PRODUTORAS DE CACAU NA AMAZNIA

    Antonio Carlos de Souza MartinsPaulo Gil Gonalves de Matos

    Joo Marivaldo Silva de Sousa

    A Amaznia brasileira uma regio possuidora de uma vasta extenso de terras, quetotalizam 488 milhes de hectares. Destas, aproximadamente 32 milhes de hectares so solos comexcelentes caractersticas fsicas e qumicas. No incio da dcada de 70, como diretriz da poltica deintegrao nacional, o governo federal passou a incentivar a expanso da fronteira agrcola para aregio.

    Para o estabelecimento dessa estratgia governamental, grandes rodovias foram abertas,projetos integrados de colonizao foram criados, a poltica de incentivos fiscais facilitou a

    expanso do capital aos Estados localizados na regio e, por conta dessas iniciativas, houve aimplantao de um novo modelo agropecurio.

    Nesta nova perspectiva, o fato do cultivo do cacaueiro apresentar de um lado, significativopotencial no que diz respeito aos aspectos estratgicos, ecolgicos e polticos, e de outro,reconhecida adaptabilidade a sistemas de multicultivos com outras espcies florestais, seconstituram em fatores determinantes para a criao, em parte desta rea, dos plos cacaueiros daAmaznia.

    O trabalho de expanso da cacauicultura na Regio Amaznica foi efetivado com respaldoinstitucional da CEPLAC, rgo do governo federal subordinado ao Ministrio da Agricultura edo Abastecimento. O modelo agrcola usado est embasado na ao de um nico rgo integrandotodas as atividades necessrias ao desenvolvimento tcnico e racional da cacauicultura: pesquisa

    agrcola, assistncia tcnica, fomento agrcola e treinamento de mo-de-obra, bem como ao ManejoIntegrado de Sistemas Agroflorestais (SAF), com vistas ao enriquecimento das lavouras de cacau jexistentes ou que venham a ser implantadas, com essncias madeireiras florestais e frutferasregionais de reconhecido valor econmico.

    Atualmente na Amaznia, a regio produtora de cacau assistida pela CEPLAC, engloba osseguintes Estados: Rondnia, Amazonas, Par e Mato Grosso. Nos Estados de Rondnia eAmazonas as atividades da CEPLAC so coordenadas e executadas pela SuperintendnciaRegional da Amaznia Ocidental (SUPOC).

    No Estado de Rondnia, a CEPLAC desenvolve suas atividades em um universo de 6.000produtores rurais, em 31 Municpios, especificados no mapa poltico-administrativo de Rondnia

    (ver mapa n1). Nesses Municpios esto implantados cerca de 40 mil hectares de cacaueiros, comproduo em torno de 16 mil toneladas/ano, de amndoas secas de cacau.

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    No Estado do Amazonas, a CEPLAC atua com 706 famlias, nos seguintes Municpios:Manaus, Manacapur, Careiro da Vrzea, Itacoatiara, Silves, Itapiranga, So Sebastio do Uatum,Urucurituba, Urucar, Apu, Manicor e Novo Aripuan. Estes 12 Municpios possuem uma rea de 5mil hectares de cacaueiros e produzem mil e quinhentas toneladas de amndoas secas de cacau/ano.

    Torna-se importante salientar que, no Estado do Amazonas, a CEPLAC vem dando nfase aexplorao de cacauais em vrzeas, uma vez que o macio cacaueiro nesse Estado concentra-se nessasreas. Isso se justifica em funo dos seguintes aspectos: essas plantaes nativas se constituem naforma tradicional de explorao, tal atividade tem se configurado uma importante fonte de renda paraos produtores ribeirinhos, haja vista o baixo custo de sua explorao e os preos praticados atualmente.

    J no tocante aos Estados do Par e Mato Grosso, os trabalhos esto ao encargo daSuperintendncia Regional da Amaznia Oriental (SUPOR).

    No mbito do Estado do Par, a atuao da CEPLAC encontra-se direcionada para oatendimento de agricultores e comunidades rurais estabelecidos em 45 Municpios e 7 plosespontneos localizados nas Mesorregies Metropolitanas de Belm, Baixo Amazonas, Nordeste, Sudoeste eSudeste Paraense, especificadas no mapa poltico-administrativo do Par (ver mapa n2).

    1. Ariquemes2. Theobroma3. Machadinho4. Cacaulndia5. Cujubim6. Alto Paraso7. Rio Crespo8. Buritis9.

    Campo Novo10. Monte Negro

    11. Gov. Jorge Teixeira12. Ji-Paran13. Presidente Mdice14. Urup15. Ouro Preto d'Oeste16. Jar17. Nova Unio18. Teixeirpolis

    19. Mirante da Serra

    20. Alvorada do Oeste21. Vale do Paraso

    22. Ministro Andreazza

    23. Cacoal

    24. Rolim de Moura

    25. So Filipe

    26. Santa Luzia

    27. Corumbiara

    28. Colorado do Oeste

    29. Cerejeiras

    30. Pimenteiras

    31. Cabixi

    Mapa n1Localizao dos Municpios assistidos pela CEPLAC/SUPOC no Estado de

    Rondnia

    Mapa n2 Localizao dos Municpiosassistidos pela CEPLAC/ SUPOR no Estadodo Par.

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    Baixo AmazonasSantarm, Alenquer, bidos, Curu e Monte Alegre.

    Sudoeste do Par Placas, Rurpolis, Itaituba, Aveiro, Trairo, Pacaj, Anap, Altamira, SenadorJos Porf rio, Vitria do Xing, Brasil Novo, Med icilndia e Uruar.

    Nordeste do Par Tom-Au, Acar, Moj, Concrdia do Par, Camet, Mocajuba, Oeiras do Par,Limoeiro do Ajur, Garrafo do Norte, Igarap-Au, So Francisco do Par, Terra Alta, SantaMaria do Par e So Miguel do Guam.

    Metropolitana de Belm- Benevides, Santa Izabel, Santa Brbara, Castanhal e Inhangap.

    Sudeste do ParTucum, So Flix do Xing, Ourilndia do Norte, Cumaru do Norte, gua Azul,Novo Repartimento, Itupiranga e Paragominas.

    Plos Espontneos: Bannach, Eldorado do Carajs, Curinpolis, Parauapebas, Rio Maria, So Geraldodo Araguaia e Sapucaia.

    Nessa rea trabalhada existem implantados 50.568,00 hectares de lavouras cacaueiras, umpblico de 5.664 agricultores e uma produo de 32.000 toneladas de amndoas secas de cacau/ano.Alm da cacauicultura, a CEPLAC tambm desenvolve um trabalho de diversificao agroeconmicacom assessoramento e orientao tcnica direcionando as seguintes culturas: coco, cupuau, pupunha,aa, pimenta-do-reino, banana, caf, mandioca, maracuj entre outros.

    Com relao ao Estado de Mato Grosso as atividades da CEPLAC se desenvolvem nosseguintes Municpios: Alta Floresta, Paranata, Carlinda, Nova Bandeirante, Novo Mundo,Apiac, Terra Nova do Norte e Nova Guarita. O espao delimitado pela ao da CEPLACengloba uma rea de 2.712,0 hectares de lavouras cacaueiras, um pblico de 284 agricultorese uma produo de 900 toneladas de amndoas secas de cacau/ano.

    ASPECTOS EDAFOCLIMTICOS PARA O CULTIVO

    ClimaRuth Maria Cordeiro Scerne

    Para expressarem plenamente seu potencial gentico, as plantas necessitam ser cultivadassob condies timas de solo e de clima, principalmente aos fatores relacionados com ocrescimento e desenvolvimento vegetal.

    Na Amaznia, de um modo geral, o clima caracteriza-se pela abundncia das chuvas e pelaconstncia de temperaturas elevadas. O cacaueiro uma planta tpica dos trpicos midos, e cultivado em regies onde o clima apresenta variaes relativamente pequenas durante o ano,especialmente em termos de temperatura, radiao solar e comprimento do dia.

    Pelo fato da precipitao pluvial, junto com a radiao global, ser o componente maisimportante do clima e de esta apresentar muita variabilidade que a chuva se constitui um dosprincipais fatores de risco para a cacauicultura regional. Por esse motivo que, para o

    estabelecimento de plantios de cacauais economicamente viveis, deve ser rigorosamenteobservado o regime das chuvas, principalmente em relao sua distribuio ao longo dos meses,nas reas onde devero ser instalados os empreendimentos cacaueiros.

    A precipitao ideal para o cacau deve apresentar um total anual acima de 1.250mm, bemdistribudos em todos os meses, com mnimas mensais de 100mm e ausncia de estao seca bemdefinida e intensa que apresente meses com menos de 60 mm de chuva.

    Por regra geral a quantidade tima de chuva est entre 1.800 a 2.500mm ao ano. Osperodos secos com mais de trs meses so prejudiciais.

    Outro componente climtico que deve ser considerado a velocidade do vento, pois em

    localidades com ventos que apresentam velocidade superior a 2,5 m/s, recomendvel a instalao dequebra ventos, para que seja reduzida a evapotranspirao dos cacaueiros, a queima e queda dasfolhas, principalmente as mais novas, que so sensveis ao movimento do ar. Cacaueiros expostos aventos fortes crescem com as copas envassouradas e dificilmente atingem desenvolvimento normal.

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    Solo

    Raimundo Carlos Moia Barbosa

    O solo deve apresentar uma profundidade mnima de 1 metro e 20 centmetros sendo idealem torno de 1 metro e 50 centmetros. Para o desenvolvimento normal do sistema radicular docacaueiro, o solo no deve conter concrees laterticas em sua parte superior, bem como no deve

    possuir camadas pedregosas e compactas no seu perfil. Solos com impedimentos fsicos dessanatureza dificultam o desenvolvimento normal do sistema radicular do cacaueiro, provocandoprincipalmente o atrofiamento da raiz principal (Fig. 1).

    Deve ser bem drenado e quando apresentar sinais de gleizao, mosqueamento ou possuirlenol fretico prximo a superfcie, deve ser recuperado atravs da abertura de canais dedrenagem. Sua textura deve permitir boa capacidade de reteno de gua. Solos argilosos e siltososso apropriados para regies com perodos definidos de estiagem, embora possam ocorrer problemasde encharcamento do solo em perodos intensos de chuva. A textura areno-argilosa apropriada pararegies de altas precipitaes pluviomtricas, mas bem distribudas durante o ano. Solos leves, compouca argila no so recomendados por apresentarem baixa reteno de umidade e permitirem a

    lixiviao intensa de nutrientes. A fertilidade fundamental, considerando-se o alto custo doscorretivos e fertilizantes. O cacaueiro desenvolve-se, entretanto, em solos com os mais diferentes nveisde fertilidade, sendo ideal aqueles que apresentam nveis de mdia a alta fertilidade natural, com pHna faixa de 6,0 6,5, onde ocorre disponibilidade mxima de muitos nutrientes (Fig. 2)

    reas ocupadas com mata, capoeira, outros cultivos ou at pastagem, podem serselecionadas, desde que o clima e o solo apresentem condies desejveis para a cacauicultura.

    Fig.1Desenvolvimento dosistema radicular docacaueiro.

    ASistema radicular prejudicadopor impedimento fsico(camada pedregosa e/oupiarra).

    BSistema radicular comdesenvolvimento normalquando em solos profundos esem impedimento fsico.

    Fig. 2Relao entre pH e disponibilidade de

    elementos no solo (Malavolta, 1980).

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    ESCOLHA E PREPARO DE REA

    Paulo Jlio da Silva Neto

    Escolha de rea

    Os critrios de escolha de reas para o plantio de cacau na Regio Amaznica brasileiradevem levar em conta, preferencialmente, o relevo, a fertilidade e a profundidade efetiva dossolos, alm de consulta prvia, em caso de existncia, do zoneamento agroecolgico de cadaMunicpio ou regio, sem deixar de levar em considerao os aspectos climticos, principalmente aprecipitao pluviomtrica.

    Preparo de rea

    Para o preparo de rea h que se considerar inicialmente o sistema de implantao a seradotado, que por sua vez est condicionado ao tipo de cobertura florstica existente e a condiodo produtor para instalar e manter o modelo escolhido. Esses aspectos so de grande importncia,pois, a partir dessas consideraes dever ser tomada uma deciso que ter implicaes diretas nosucesso ou insucesso do empreendimento.

    O estabelecimento do cacaual, nas diversas regies produtoras do mundo, realizadobasicamente de duas maneiras, aps a eliminao parcial da vegetao original ou em seguida aodesmatamento completo. O primeiro mtodo conhecido no Brasil, como cabruca e o segundo,como derruba total.

    Tm-se verificado na Regio Amaznica que no mtodo de cabruca os cacaueiros,quando comparados com os que crescem e desenvolvem-se em reas de derruba total, apresentamdimetro do caule inferior, na fase de implantao (at 5 anos) e baixa produtividade na faseprodutiva.

    Para o plantio do cacaual, a derruba total o sistema mais utilizado na regio e o que tem

    mostrado melhores resultados. Consiste na eliminao da vegetao primria ou secundria paraposterior formao dos sombreamentos provisrio e definitivo. Este sistema consiste nas seguintesfases: broca, derruba, queima, balizamento e plantio dos sombreamentos.

    Para implementao desse sistema, dependendo do tamanho da rea a ser preparada, hnecessidade de autorizao prvia para desmatamento expedida pelo Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renovveis - IBAMA, conforme legislao vigente.

    Em reas j trabalhadas com cultivo (ex.: pastagens, cana-de-acar, cultivos anuais etc.) ouem reas alteradas, inicia-se o trabalho a partir do balizamento, aps a limpeza de rea.

    Balizamento

    Aps o preparo de rea inicia-se o balizamento para o cacaueiro. Recomenda-se oespaamento de 3,0 x 3,0 metros o que eqivale a 1.111 plantas/hectare, porm, dependendo dascondies poder ser utilizado 3,5 x 3,5 metros (816 plantas/hectare); 4,0 x 4,0 metros (625plantas/hectare) e 2,0 x 2,0 x 4,0 metros (1666 plantas/hectare). As balizas marcam os lugares ondesero abertas as covas para plantio das mudas de cacau.

    O balizamento tem a vantagem do melhor aproveitamento da rea, bem como, permitemelhor crescimento e distribuio uniforme da copa dos cacaueiros, permitindo ainda, maiorfacilidade na execuo das prticas culturais como limpeza de rea, combate s pragas e doenas,adubao e colheita.

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    Fig.3Viveiro rstico

    FORMAO DE MUDAS

    Paulo Gil Gonalves de Matos

    O plantio de cacaueiros feito a partir de mudas, por fornecerem vantagens como vigor euniformidade dos cacaueiros, menor nmero de falhas nas plantaes e provavelmenteantecipao da fase produtiva das plantas.

    Os trabalhos de formao da muda de cacau devem ser iniciados durante o plantio dossombreamentos provisrio e definitivo. Na formao das mudas, trs fases so bem distintas:construo do viveiro, semeadura e tratos culturais.

    Construo do Viveiro

    Alguns fatores devem ser considerados no sentido de fornecer as condies adequadas aobom desenvolvimento das mudas e de reduzir seus custos durante a manuteno e transporte parao local definitivo.

    Tamanho - Varia em funo do nmero de mudas que se pretende formar. Um mtodoprtico para se calcular o tamanho do viveiro dividir o nmero de mudas por 30. Assim, se

    precisamos preparar 15.000 mudas, temos:15.000 30= 500. O viveiro dever medir 500 m2, podendo ser de 20x25 metros.

    Localizao Deve-se considerar alguns fatores importantes:

    Distnciano deve ficar distante da rea do plantio definitivo, pois na poca do transplantio ocusto com transporte ser menor. Tambm no deve ficar distante de uma fonte de gua, j que duranteo vero ser necessrio regar as mudas.

    Topografiao local deve ser plano ou levemente inclinado para facilitar a arrumao dossaquinhos.

    Drenagemdeve ser construdo em local com solos bem drenados para evitar excesso de

    umidade que possa favorecer o aparecimento de doenas.Penetrao de luza penetrao dos raios solares fundamental para permitir maior aerao ao

    ambiente, diminuindo assim os riscos de doenas. Permite ainda o desenvolvimento mais rpido dasplntulas.

    Material Para construo do viveiro devem ser utilizadosmateriais de baixo custo, de preferncia encontrados napropriedade. A altura deve permitir que um homem de estaturamdia caminhe normalmente dentro do mesmo. Com esteios de2,50 metros consegue-se uma boa altura. Os esteios devem serdispostos de 3 em 3 metros e a cobertura feita com palhas de

    palmeira estendidas sobre fios de arame. A cobertura deve permitir50% de entrada de luz e as laterais tambm devem ser protegidascontra a ao de ventos e animais.

    Semeadura

    Tambm devem ser considerados alguns fatores de relevada importncia, como:

    Escolha e preparo do terrio O terrio pode ser retirado da manta superficial (at 20centmetros de profundidade) de solos ocupados com mata primria ou secundria. Quandocoletados a maior profundidade, o substrato deve ser misturado na seguinte proporo: utilizar700 lde terra de subsolo (abaixo de 50 cm) acrescido de 300 lde esterco de galinha + 5,0 kg de

    Yoorin Master (P, Ca, Mg, B, Cu, Fe, Mn, Zn e Si) + 2,0 kg de calcrio dolomtico + 0,5 kg de cloretode potssio.

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    A utilizao do subsolo diminui as sementeiras de ervas daninhas, nematides, fungos epragas do solo.

    Tamanho dos sacos A escolha dos sacos est em funo do perodo de permanncia dasmudas no viveiro e este perodo depende das condies do sombreamento provisrio, dadisponibilidade de sementes e da precipitao pluviomtrica na poca do plantio e nos mesessubsequentes.

    Quando as mudas, por quaisquer dos motivos acima citados tiverem de permanecer pormaior perodo no viveiro (cinco a seis meses), devem ser utilizados sacos do tipo padro (28centmetros de comprimento por 38 centmetros de circunferncia). Se no entanto, a permanncia noviveiro for por um espao de tempo mais curto (dois a quatro meses), devem ser utilizados sacosde dimenses menores (28 centmetros de comprimento por 32 centmetros de circunferncia).

    Enchimento dos sacos e semeio Os sacos devem ser cheios at uns 3 centmetros da boca,tendo-se o cuidado de bat-los no cho algumas vezes, para que o terrio no fique muito fofo.Antes de encher as sacolas, deve-se ter o cuidado de abrir um orifcio no fundo para facilitar adrenagem e evitar que a raiz principal (pivotante) dobre no seu interior. O terrio deve estar livrede torres e pedras. Depois de cheios, os sacos devem ser arrumados em faixas de 1 metro de

    largura deixando-se ruas tambm de 1 metro.Aps a quebra dos frutos, deve ser retirada a polpa ou mucilagem que envolve as

    sementes. Esta operao feita misturando-se as sementes com p de serra seco, esfregando-se emseguida com as mos.

    O semeio feito com sementes provenientes de material gentico melhorado colocando-se asemente a 1 centmetro da superfcie do terrio, com a parte larga voltada para baixo. Em caso dedvida sobre qual a parte mais larga, pode-se coloc-la deitada. O restante dos 3 centmetros dosaco deve ser preenchido com p de serra bem curtido. Antes do semeio deve ser feita uma reganos sacos para que as sementes encontrem ambiente propcio ao incio do processo de germinao.

    O semeio feito em poca que d condies para a muda ir para o campo com dois a seismeses de idade. Como j foi discutido, o transplantio est em funo da disponibilidade dassementes, sombreamento e condies de pluviosidade.

    oportuno ressaltar, que a produo de mudas de cacaueiro e de bananeira, devem estarde acordo com a Portaria emitida pelas Delegacias Federal de Agricultura de cada Estado daRegio:

    2Estado de Rondnia - Portaria N 098, de 19 de Dezembro de 19973Estado do Par - Portaria N 069, de 01 de Julho de 19964Estado de Mato Grosso - Portaria N 098, de 25 de Setembro de 1998

    Tratos Culturais no ViveiroSo os cuidados que devem ser dispensados s mudas at a poca do transplantio.

    Basicamente consiste na retirada de plantas daninhas, irrigao, adubao, manejo de sombra etratos fitossanitrios.

    a) plantas daninhas Apesar da proteo exercida pelo p de serra, periodicamenteocorre plantas daninhas que competem com as plntulas; tais invasoras devem ser eliminadasmanualmente, e com zelo, para no abalar o sistema radicular da muda.

    b) irrigao Em dias chuvosos no h necessidade de molhar as mudas, entretanto, apsalguns dias de estiagem deve ser feita a irrigao em dias alternados.

    2 Normas Tcnicas e Padres para Produo de Mudas Fiscalizadas no Estado de Rondnia (atualizada pela Portaria n 026, de 27 de Maio de 1999).3 Normas Tcnicas e Padres para a Produo de Mudas Fiscalizadas no Estado do Par (1997).4 Normas Tcnicas para a Produo de Mudas Fiscalizadas no Estado de Mato Grosso (1998).

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    c) adubao Esta prtica deve ser realizada somente quando as mudas de cacauapresentarem deficincia de nitrognio caracterizada pela colorao verde plido das folhas velhasou de outros nutrientes. Neste caso, recomenda-se pulverizar quinzenalmente uria a 0,5%(cinqenta gramas de uria em dez litros de gua) at que as plantas voltem a mostrar aspectonormal.

    d) manejo de sombra Para permitir melhor arejamento e penetrao de luz no viveiro,ao iniciar o perodo chuvoso, deve-se retirar algumas palhas de sua cobertura. O mesmoprocedimento deve ser feito nos dias que antecedem ao transplante, para que as mudas comecem ase adaptar s futuras condies ambientais.

    e) combate s pragas e controle de enfermidades Durante a fase de viveiro, as plntulasesto sujeitas ao ataque de pragas e incidncia de doenas. Nos quadros 1 e 2 esto relacionadoss pragas e enfermidades, os danos causados s plantas e os mtodos de controle. Tanto nocombate s pragas como no controle de doenas aconselhvel usar mquinas manuais com oobjetivo de no causar danos s plantas jovens.

    Quadro 1 Ocorrncia das principais pragas de mudas enviveiradas, danos e medidas de controle.

    Enfermidade Natureza dosDanos

    Medidas de ControleInseticida(Principio

    Ativo)Formulao

    Dosageme/ou

    concentrao

    poca de aplicaoe equipamentosrecomendados

    caroMexicano

    (Tetranychusmexicanus)

    Aparecimento demanchas clorticas

    no limbo foliar

    Malatol 50E(malation)

    Concentradoemulsionvel

    0,5%Usar pulverizador

    manual

    Vaquinhas(Percolaphis

    ornata)

    (Colaspis spp)(Taimbezinha

    theobroma)

    Rendilhamento dasfolhas novas,

    manifestam-se naspocas delanamento.

    Thiodan 20P ou30P

    (endosulfan)malatol 4%(malation)

    P -Quando observado

    algum dano usarpolvilhadeira

    manual

    Lagartaenrola-folha

    (Syleptaprorogata)

    Danifica o limbodas folhas novas

    que ficamrendilhadas de

    forma irregular eenroladas

    Dipterex 2,5%(trichlorfon)

    P 0,5%

    Dipterex 50E(trichlorfon)

    Concentradoemulsionvel

    -Pulverizador

    manual

    Fonte: CEPLAC/CEPEC Seo de Zoologia

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    Quadro 2 Ocorrncia das principais doenas em viveiros, danos e mtodos de controle.

    Enfermidade Natureza dos Danos

    Medidas de ControleFungicida(Principio

    Ativo)Formulao

    Dosageme/ou

    concentrao

    poca de aplicaoe equipamentosrecomendados

    Antracnose(Colletotrichumgloeosporioides)

    O patgenonormalmente ataca

    folhas novascausando leses

    circulares isoladasno pice e nas

    margens do limbo.

    Dithane M-45(mancozeb)

    P molhvel 0,2%

    15 a 20 dias aps agerminao das

    sementes realizarpulverizaes

    quinzenais usandopulverizador

    manual.

    Queima-das-folhas

    (Phytophthoraspp.)

    Caracteriza-se peloaparecimento degrandes manchas

    irregulares nasfolhas.

    Cobre Sandoz(xido cuproso)

    P molhvel50%

    0,3%

    Pulverizaesmensais intercaladascom os tratamentospara a antracnose.

    As folhasapresentam aspectode queima.

    Funguran(oxicloreto decobre)

    P molhvel50%

    0,3% Usar pulverizadormanual.

    Em alguns casos, ocoleto das plantas

    lesionado,ocorrendo a morte

    da planta.

    Coprantol(oxicloreto de

    cobre)F.W. 30% 0,5%

    Kauritol(oxicloreto de

    cobre)Oleosa 35% 0,5%

    Cupuran(hidrxido de

    cobre)

    P molhvel45%

    0,3%

    Se necessrio, usar espalhante adesivo a 0,1% em caso de usar pulverizador motorizado (no recomendado) aconcentrao deve ser de 2%.

    Obs.: Pode-se usar Preposan (oxicloreto + zineb + maneb) a 0,5% em pulverizao, objetivando o controle sduas enfermidades e, neste caso, basta que se faam pulverizaes de 30 dias no perodo crtico(condies favorveis ocorrncia de doenas).

    Fonte: CEPLAC/CEPEC Seo de Fitopatologia

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    PLANTIO DO SOMBREAMENTO PROVISRIO E DEFINITIVO

    Paulo Gil Gonalves de Matos

    Por suas prprias caractersticas, o cultivo do cacaueiro, se constitui naturalmente, numsistema agroflorestal e trata-se de uma espcie que requer uma associao a outras espcies, cujafinalidade a de sombre-lo tanto durante a fase de implantao (sombra provisria), quanto

    durante a fase produtiva (sombra definitiva).O sombreamento tem como funo amenizar os fatores ambientais adversos ao cacaueiro,

    em excesso no desejvel por propiciar maior umidade ao ambiente, proporcionando assim,condies favorveis proliferao de doenas. No entanto, a escassez de sombra permite aincidncia direta dos raios solares sobre as copas dos cacaueiros, condicionando as plantas a umintenso metabolismo, exigindo com isso maior suprimento de gua e nutrientes do solo. Se houverdisponibilidade desses elementos ocorrer intensa emisso de folhas,fato este desejvel, por condicionar planta um maior crescimento eproduo, mas por outro lado, favorece o aparecimento de surtos depragas que em condies normais no atingiriam nveis to elevados.

    A escassez de gua e nutrientes, nas quantidades exigidas pelasplantas, desencadeia transtornos fisiolgicos graves, provocandoefeitos depressivos sobre o rendimento das mesmas. Portanto,aconselha-se o maior cuidado na formao dos sombreamentos. Comoregra, recomenda-se que nos primeiros estdios de desenvolvimentoseja permitida entrada de luz em torno de 25 a 50%. medida que asplantas se desenvolvem deve-se aumentar a quantidade de luz para70% atravs do desbaste das espcies que foram utilizadas nosombreamento provisrio.

    Sombreamento Provisrio Protege as plantas durante a fase de crescimento juvenilcontra os efeitos malficos do excesso de sol e ventos.

    Recomenda-se o plantio de bananeiras das variedades prata, roxa, terra, caipira, FHIA-01,FHIA-02, FHIA-03, FHIA-20, FHIA-21, PV03-44 e pelipita, por serem mais resistentes s doenas einsetos. A bananeira plantada em espaamento de 3,0 x 3,0 metros, ficando cada cova no centrodo quadrado formado por quatro balizas do cacaueiro. Em reas cujo relevo permita o emprego demquinas agrcolas, a bananeira deve ser plantada na mesma linha do cacaueiro. A bananeiratambm dever ser plantada em espaamentos de acordo com o utilizado no plantio do cacaueiro.Deve-se ter o cuidado de selecionar bananais sadios como fonte fornecedora de mudas. Na pocado plantio adicionar na cova das bananeiras 30 gramas de Terracur como tratamento preventivocontra o moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus Germar).

    Outras espcies que podem ser utilizadas como sombreamento provisrio ou mesmo como

    complemento deste so: mandioca, macaxeira, feijo guandu e mamona. Estas espcies soplantadas a 1,0 x 1,0 metro ou 1,5 x 1,5 metros de modo a no fechar muito a rea. A mamona devesofrer a capao (retirada das flores) permitindo assim maior longevidade vegetativa. O mamotambm pode ser utilizado num espaamento de 2,5 x 2,5 metros ou 3,0 x 3,0 metros.

    O sombreamento provisrio deve ser plantado de quatro a seis meses antes do plantio docacaueiro, independentemente da existncia de pimentais ou maracujazeiros remanescentes. Nocaso da rea de mamoal, se este ainda apresenta estado vegetativo capaz de permanecer na reapor dois anos ou mais, dispensvel o plantio de outras espcies para o sombreamento provisrio.

    Sombreamento Definitivo Proporciona condies ambientais mais estveis, semoscilaes bruscas de temperatura e umidade no cacaual.

    Recomenda-se o consrcio entre duas ou mais espcies arbreas, utilizando-se inclusiveplantas nativas, desde que apresentem bom desenvolvimento vegetativo e boa distribuio de

    Fig. 4 Sombreamento provisrio

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    copa. Dentre as espcies arbreas, as recomendadas so as seguintes: mogno (Swietenia macrophyllaKing), freij (Cordia alliodora), bandarra (Schyzolobium amazonicum)eEritrynaspp.

    O espaamento varia em funo do dimetro da copa, utilizado comumente de 18 x 18metros, 21 x 21 metros e 24 x 24 metros entre plantas e linhas.

    As rvores de sombra podem ser plantadas na mesma linha do cacaueiro, permitindo assima roagem mecanizada na fase inicial da plantao. Neste caso aconselhvel utilizar essnciasflorestais de menor competitividade com o cacaueiro.

    O plantio do sombreamento definitivo feito na mesma poca do sombreamentoprovisrio, exceto o mogno, cujo plantio poder ser efetuado de 2 a 3 anos aps o plantio dasmudas de cacau no campo.

    PLANTIO DO CACAUEIRO

    Paulo Gil Gonalves de Matos

    Para o plantio das mudas de cacau no local definitivo, dois fatores importantes devem ser

    considerados: o sombreamento e a distribuio das chuvas. Se o sombreamento provisrio jestiver formado, o plantio das mudas deve ser feito no incio do perodo chuvoso, com mudas dedois a seis meses de idade. Em casos excepcionais, as mudas podem ainda ser transplantadas comuma antecedncia de dois meses do incio do perodo seco do ano, preferindo-se neste caso,plantas de maior idade, ou seja, de quatro a seis meses.

    Aps a seleo das plantas vigorosas e sadias o plantio do cacaueiro deve ser feito em covasde 40 x 40 x 40 centmetros removendo-se o saco plstico sem que seja destrudo o torro. A mudadeve ser colocada na cova de modo que o nvel superior do torro fique no mesmo plano dasuperfcie do solo. Para isso, coloca-se a terra no fundo da cova at que se consiga a altura ideal edepois se completa com o enchimento dos lados, sempre fazendo ligeira presso no solo.

    Recomenda-se deixar um montculo ao redor do caule e nunca uma depresso (Fig. 5).

    Fig. 5Plantio de muda no campo

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    MANEJO DE CACAUEIRO NO CAMPO

    Paulo Jlio da Silva Neto

    Controle de Plantas Daninhas

    O controle de plantas daninhas no cacaueiro tem como objetivo reduzir a competio pelos

    fatores do ambiente (luz, gua, nutrientes etc.) exercida pelas invasoras sobre a cultura do cacau,bem como facilitar a realizao de outras prticas culturais.

    Em cacaueiros jovens, a necessidade de controle indispensvel e dever persistir at que aplantao de cacau atinja o estdio de bate-folha. Na etapa inicial as plantas daninhas podemser controladas atravs de mtodos de controle associados, os quais envolvem:

    Implantao e manejo do sombreamento provisrio quando realizado, oferece efeitospositivos no controle de invasoras, tendo em vista que a pouca incidncia de luz oferece reduono crescimento, no desenvolvimento e na quantidade de plantas daninhas.

    Utilizao de cobertura mortao resto de material vegetal proveniente do raleamento edebaste do sombreamento provisrio, ou de culturas implantadas na propriedade, dever ser

    utilizado como mulching ao redor dos cacaueiros, pois tal prtica evita a invaso de plantasdaninhas e ajuda a conservar a umidade do solo em pocas de dficit hdrico, alm de aumentar oteor de matria orgnica e de fornecer nutrientes s plantas na camada superficial do solo.

    Culturas intercalares o sistema intercalar que caracterizado pelo plantio de outras culturasde ciclo curto, nas entrelinhas dos cacaueiros, quando realizado de modo racional, considerando comcuidado a cultura intercalar a ser usada, poder contribuir para reduzir os custos de implantao, almde proporcionar uma renda lquida imediata ao cacauicultor, com melhor uso da terra. Na Regio daTransamaznica comum os produtores realizarem aps o preparo da rea, o plantio do milho e emseguida o feijo nas entrelinhas no primeiro ano de cultivo do cacau.

    Roagem manualdeve ser realizada de modo a evitar que as plantas daninhas produzamsementes para reinfestar a rea.

    Emprego de herbicidas o controle de plantas daninhas atravs do uso de herbicidas,promove efeito mais prolongado no controle e tambm na reinfestao do mato. Para se realizar aaplicao dos herbicidas, as plantas daninhas devero estar a uma altura de, aproximadamente,30cm do solo. Os herbicidas que esto registrados para serem utilizados na cultura do cacau, desdeque observadas as instrues tcnicas, eficincia e as precaues na aplicao, so os seguintes:

    Quadro 3 Herbicidas registrados para utilizao na cultura do cacau.

    Nome comum Nome comercial FormulaoDoses (lou kg/ha) do

    produto comercial

    atrazineAtrazinax 500, Gesaprim 500, Herbitrim 500

    Br e Siptran 500 SCSC, 500 g/l 3,0 6,0

    glyphosateRoundup, Glifosato Nortox, Glion e Trop SC, 360 g/l 2,0 5,0

    Rodeo SA 480 g/l 5,0 7,0Direct GRDA, 720 g/kg 0,5 3,5

    ghyphosate + simazin Tropazin SC, 115 + 480 g/l 3,0 6,0diuron + MSMA Fortex FW SC, 140 + 360 g/l 8,0

    diuron + paraquat Gramocil SC, 100 + 200 g/l 2,0 3,0

    diuronDiuron Nortox e Karmex 800 PM, 800 g/kg 1,0 4,0

    Cention SC, Diuron 500 SC, Herburon 500 BRe Karmex 500 SC

    SC, 500 g/l 2,0 5,0

    linuron Afalon 500 BR e Linurex PM, 500 g/kg 1,5 6,0paraquat Gramoxone 200 SA, 200 g/l 1,5 4,0

    simazineSipazina 800 PM PM 800 g/kg 2,5 5,0

    Gesatop 500 FW, Herbazin 500 BR e

    Sipazina 500 BR SC, 500 g/kg 4,0 8,0Convenes:

    SASoluo Aquosa; SCSuspenso Concentrada;PMP Molhvel; GRDAGrnulos Dispersveis em gua.

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    Em cacaueiros safreiros, o controle de plantas daninhas realizado somente nos locais ondeh penetrao de luz, em decorrncia de falhas e/ou m formao de cacaueiros. Nestes locais, asplantas daninhas crescem e desenvolvem-se e o controle dever ser realizado atravs de roagense/ou aplicao de herbicidas. Em poca oportuna, realizar o replantio nas falhas com cacaueiro,bananeira, espcies arbreas ou frutferas.

    Poda e DesbrotaPaulo Jlio da Silva Neto

    A poda de formao em cacaueiros jovens deve ser evitada devido aos seus efeitos danososna planta e conseqente aumento de lanamentos de brotos e chupes. Entretanto,aproximadamente 96% dos frutos produzidos em cacaueiros safreiros esto de 3,5m para baixo.Assim, surge a necessidade de se controlar a altura do cacaueiro desde a sua formao,eliminando-se ramas que possuem crescimento vertical, principalmente, as ramas chupadeiras,que so vigorosas, semelhantes aos chupes, de colorao marrom brilhante, e tendem, quandodesenvolvidos, possuir uma forma achatada, atrofiando as ramas vizinhas e deformando aarquitetura inicial das plantas. Esta prtica inicial contribuir futuramente para reduo dos custosde controle cultural da vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa).

    Em cacaueiros safreiros desejvel realizar a poda fitossanitria que consiste na retiradade ramos enfermos, sombreados, mal formados, de frutos secos e doentes. A desbrota ou retiradados chupes deve ser realizada sempre que necessrio, durante todo o ano.

    Manejo do SombreamentoPaulo Jlio da Silva Neto

    As touceiras de bananeiras devem ser evitadas, mantendo-se no mximo trs bananeiras

    por cova, e as folhas secas tambm devem ser retiradas. Ao iniciar-se o perodo chuvoso, queocorre aps aproximadamente 10 a 12 meses aps o plantio, eliminar filas alternadas de bananeirasna orientao norte-sul, observando o espaamento de 3,0 x 6,0 metros. Ao final do segundo ano,no incio do perodo chuvoso, eliminar a outra fila de bananeiras deixando o espaamento em 6,0 x6,0 metros. No perodo final do terceiro ano, o espaamento deve ser de 12,0 x 12,0 metros,retirando-se filas alternadas do espaamento de 6,0 x 6,0 metros. O sombreamento provisrio deveser totalmente retirado durante o quarto ano.

    As recomendaes acima devem ser seguidas at que o sombreamento provisrio docacaueiro deva ser substitudo pelo definitivo.

    Manejo Qumico do Solo para o Cacaueiro

    Luiza Hitomi Igarashi Nakayama

    O cacaueiro uma planta tropical de elevada exigncia nutricional, encontrando-se, emgeral, implantada em solos de mdia a alta fertilidade e sem limitaes nas suas propriedadesfsicas. H evidncias de que na fase de expanso da cultura, nas principais regies produtoras decacau do mundo, os produtores tentaram utilizar solos de baixa fertilidade e, sem xito,abandonaram as plantaes ou substituram-nas por outras culturas menos exigentes. A melhoriado nvel de tecnologia utilizado atravs do emprego de fertilizao da cultura, responsvel porgrande parte dos incrementos de produtividade alcanados, tem possibilitado o estabelecimento

    de plantaes de cacau em solos de propriedades qumicas menos favorecidas. Dentre os fatoresde produo, a adubao e a calagem bem orientadas constituem o meio mais rpido e mais baratopara aumentar a produtividade, podendo contribuir com at 40% da mesma.

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    Exigncias nutricionais do cacaueiro

    Em termos prticos, o cacaueiro exige a aplicao dos macronutrientes N - Nitrognio, P -Fsforo, K - Potssio, Ca - Clcio, Mg - Magnsio e S - Enxofre e micronutrientes B - Boro, Cu -Cobre, Fe - Ferro, Mn - Mangans, Mo - Molibdnio e Zn - Zinco.

    As plantas diferem uma das outras quanto s quantidades de nutrientes requeridas, paraatingir um determinado potencial de colheita. Alm do conhecimento das quantidades dos

    nutrientes absorvidas, tambm importante saber as quantidades exportadas na colheita e aremanescente nos restos de cultura, que podem ser devolvidas ao solo e, consequentemente,reduzir a quantidade de adubo requerida. No Quadro 4 esto apresentadas as exigncias docacaueiro nos diferentes estdios de desenvolvimento e para a produo de 1000 kg de sementessecas.

    Quadro 4 Exigncias de nutrientes pelas plantas de cacaueiro nos diferentes estdios dedesenvolvimento e para produo de 1000 kg de sementes secas (Thong e Ng, 1978).

    Fase da PlantaIdade

    (meses)

    Requerimento Mdio de Nutrientes (kg/ha)

    N P K Ca Mg Mn Zn

    Viveiro 5-12 2,4 0,6 2,4 2,3 1,1 0,04 0,01

    Desenvolvimento 28 135 14 151 113 47 3,9 0,05

    Incio Produo 39 212 23 321 140 71 7,1 0,09

    Plena Produo 50-87 438 48 633 373 129 6,1 1,5

    Sementes (1) 50-87 20,4 3,6 10,5 1,1 2,7 0,03 0,05

    Casca (1) 50-87 31,0 4,9 53,8 4,9 5,2 0,11 0,09

    (1) Nutrientes extrados em sementes e casca de uma plantao com 50-87 meses de idade e produtividadede 1000 kg/ha de sementes secas de cacau.

    A ordem de extrao dos nutrientes, portanto para plantas em plena produo, : K > N >Ca > Mg > P > Mn > Zn.

    Verifica-se que os nutrientes K, Ca e N so removidos em maior quantidade pelo cacaueirode 50-87 meses de idade. Para manter seu crescimento e produzir 1000 kg de sementes secas porano, precisa-se de 824 kg de K2O, 529 kg de CaO, 469kg de N, 212 kg de MgO e 121 kg de P2O5.

    Avaliao da fertilidade do solo

    Existe um grande nmero de mtodos para a avaliao da fertilidade do solo, todosapresentando vantagens e desvantagens, dependendo do propsito da avaliao. A escolha de umdos mtodos depende da preciso exigida para melhor interpretar e manejar os solos.

    Os mtodos mais utilizados para avaliar a fertilidade do solo so:

    a) diagnose visual avaliao dos sintomas de deficincias e toxidez, onde a falta ouexcesso de um determinado elemento provoca sempre a mesma manifestao visvel daanormalidade, visto que as funes exercidas pelo elemento na vida da planta so sempre asmesmas. Nas figuras (6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15) observam-se os principais sintomas dedeficincias de nutrientes em folhas de cacaueiro.

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    Fig. 9Deficincia de Potssio

    Fig. 11 Deficincia de Enxofre

    Fig. 13Deficincia de Mangans

    Fig. 14Deficincia de Cobre

    Fig. 10 - Deficincia de magnsio

    Fig. 12Deficincia de Zinco

    Fig. 15 Deficincia de Boro

    Fig.6Deficincia de Nitrognio Fig. 7Deficincia de Fsforo

    Fig. 8Deficincia de Clcio

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    b)diagnose foliar anlises dos tecidos vegetais. O uso deste mtodo baseia-se napremissa de que, dentro de certos limites, devem existir relaes diretas entre: b1) dose de adubo(ou nvel de fertilidade do solo) e produo; b2) dose do adubo e teor foliar; e b3) teor foliar eproduo. Neste caso a avaliao do estado nutricional depende de um rgo representativo. Deum modo geral, a folha recm madura, a 3 folha a partir da ponta de lanamento recm-amadurecido, reflete bem o estado nutricional da planta inteira.

    c) anlises qumicas do solo entre os mtodos de avaliao da fertilidade, a anlise dosolo o mtodo mais difundido e utilizado devido as seguintes vantagens: c1) pode ser feita emtempo relativamente curto e permitindo analisar um grande nmero de amostras; c2) as anlisespodem ser feitas em qualquer poca do ano, so relativamente baratas e oferecem boa preciso nasdeterminaes; e c3) os resultados obtidos podem ser aplicados para a cultura do ano. Entretanto,o sucesso na interpretao correta de uma anlise de solo exige um bom conhecimento dos solosde uma regio, dos sistemas de produo utilizados e do meio ambiente (clima).

    Dentre as fases citadas acima, a amostragem do solo a mais crtica, devido aheterogeneidade do solo. Uma amostragem mal feita pode causar facilmente erros de 50% ou maisna avaliao da fertilidade.

    A amostragem do solo em reas para plantio deve ser coletada antes e depois daqueima, a fim de considerar o efeito das cinzas como corretivo de solo e teor denutrientes, principalmente clcio e magnsio. O procedimento para a retirada deamostras a uma profundidade de 0 20 cm, deve ser efetuado da seguinte maneira:divide-se a gleba ou quadras em reas homogneas de 1,0 a 2,0 hectares, aps estaetapa, percorre-se a rea demarcada em zigue-zague, retirando amostras de solos,procurando-se cobrir toda a rea. Cada amostra deve ser composta de, no mnimo, 15amostras simples (sub-amostras) para cada quadra. As manchas de fertilidade dedeterminada rea devem constituir amostras a parte. Em plantaes que vem sendoadubada, a cada 2 a 3 anos interessante retirar amostras para monitorar a fertilidadeda mesma.

    A interpretao dos dados para o fsforo e potssio est dividida em trsclasses de teores, enquanto que para o Ca+ Mg e Al em duas classes.

    Quadro 5 Interpretao dos teores de P, K, Ca + Mg e Al em solos (Garcia et al, 1985).

    Teor P (mg/dm3) K (meq.100-1g) Teor Ca + Mg Al

    Baixo 6 0,12 meq.100-1g

    Mdio 7 15 0,13 0,30 Baixo < 3,0 < 0,5

    Alto > 15 > 0,30 Mdio/Alto 3,0 0,5

    Quanto ao pH, h predominncia de amostras com valores abaixos de 5,5 emtodos os plos, exceo para o plo de Altamira, que apresenta 50% das amostrascom pH > 5,6 (Pereira e Morais, 1987). No Quadro 5 est apresentada acorrespondncia entre pH em H 2O, a percentagem de saturao de bases (V%) e asaturao em alumnio (m).

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    Quadro 6 Relao aproximada entre parmetros associados acidez do solo.

    pH em H2O V % m %

    4,4 4 90

    4,6 12 68

    4,8 20 49

    5,0 28 32

    5,2 36 18

    5,4 41 7

    5,6 52 0

    5,8 60 -

    6,0 68 -

    6,2 76 -

    6,4 84 -6,6 92 -

    6,8 100 -

    Calagem

    Os dados de pesquisas obtidos nos solos da Amaznia, tm mostrado que o crescimento eproduo do cacaueiro no apresentaram resposta calagem (Campos, 1981; Morais e Campos,1984; Pereira e Morais, 1987). No Latossolo Amarelo, argiloso da srie Manaus, Campos (1981)observou somente melhoria nas propriedades qumicas deste solo quanto ao aumento do pH, dos

    teores trocveis de Ca e Mg e diminuio do alumnio trocvel. Pereira e Morais (1987) mostraramque os solos das reas Bragantina e de Tom-Au(PA) apresentaram teores de Ca + Mg < 3,0 meq.100-1g, considerados baixos, numa freqncia de 60 a 95% das amostras analisadas. Apesar destesresultados interessante considerar que:

    A calagem bem efetuada traz inmeros benefcios, dentre os quais podem ser citados: a)fornece Ca2+e Mg2+como nutrientes; b) neutraliza o Al 3+e Mn2+txicos s plantas; c) aumenta adisponibilidade de P e do Mo; d) favorece a mineralizao da matria orgnica; e) aumenta afixao simbitica do N; f) estimula o desenvolvimento do sistema radicular e a absoro de gua enutrientes; e g) melhora as propriedades fsicas do solo (devido ao fato do Ca 2+ e Mg2+ seremelementos floculantes)

    Apesar de todos estes benefcios, a calagem precisa ser criteriosa, pois pode reduzir adisponibilidade de K+ e de micronutrientes. A resposta da cultura calagem depende de umasrie de fatores ligados planta, ao solo e ao corretivo utilizado, a conjugao destes fatores, leva obteno da mxima eficincia desta prtica agrcola. Assim, deve-se considerar que o cacaueirono foge a regra das outras culturas, necessitando-se de clcio e magnsio como nutrientes para ocrescimento, desenvolvimento, incio e plena produo, principalmente quando esta cultura estlocalizada na regio com Latossolo Amarelo distrfico e de textura mdia, necessitando elevar osteores de clcio e magnsio trocveis, no mnimo, para 3, 0 meq.100-1g (ou 30 mmolc. kg-1).

    A calagem tem um efeito residual prolongado, que perdura por vrios anos, sendo oretorno deste investimento, cumulativo.

    Os produtos considerados corretivos da acidez dos solos so aqueles que contm comoconstituinte neutralizante, carbonatos, xidos, hidrxidos ou silicatos de Ca2+e/ou Mg2+.

    Os calcrios agrcolas passam a ter as classificaes:

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    I - Quanto concentrao de MgO

    a) calctico menos de 5%

    b) magnesiano de 5 a 12%

    c) dolomtico acima de 12%

    II Quanto ao PRNT (Poder Real de Neutralizao Total)

    a) Faixa A PRNT entre 45,0 e 60,0b) Faixa B PRNT entre 60,1 e 75,0

    c) Faixa C PRNT entre 75,1 e 90,0

    d) Faixa D PRNT superior a 90,0

    Os corretivos de acidez devero ser comercializados de acordo com suas caractersticasprprias e com valores mnimos constantes no quadro a seguir:

    Quadro 7 Corretivos de acidez.

    Materiais corretivos de acidezPoder de Neutralizao Soma

    % CaCO3 % CaO + % MgOCalcrios 67 38

    Cal virgem agrcola 125 68

    Cal hidratada agrcola 94 50

    Escrias 60 30

    Outros materiais 67 38

    Critrio de Recomendao:

    Calcrio (t/ha) = 1,5 x Al Onde: Al = teor de alumnio trocvel do solo

    Adubao verde e orgnica

    Em reas de solos de textura mdia a arenosa de extrema importncia a utilizao daadubao verde e orgnica.

    A adubao verde prtica agrcola muito antiga, porm de utilizao restrita. Consta daincorporao ao solo de qualquer material vegetal, ainda no decomposto, produzido no prprioterreno, visando a incorporao de nutrientes e produo de hmus, com conseqente aumento doteor de matria orgnica do solo.

    As leguminosas so as plantas preferidas para a formao desta matria orgnica, emvirtude da grande massa produzida por unidade de rea, da sua riqueza em elementos minerais,

    do seu sistema radicular bastante profundo e ramificado, capaz de uma melhor mobilizao dosnutrientes minerais do solo e, principalmente pela possibilidade de aproveitamento no Natmosfrico, atravs das bactrias nitrificadoras. Com base nestas informaes, possvel autilizao da Pueraria phaseoloides, como adubo verde mais apropriado, em solos pobres, para ocacaueiro em formao e produtivo.

    Quanto utilizao de adubos orgnicos, tem-se verificado resultados positivos,principalmente quando utilizado para viveiro (Campos, 1982) e no plantio de mudas (Campos etal, 1982). Os estercos podero substituir parcialmente a adubao de plantio, devendo-se, noentanto, proceder a anlise do material, em termos de % de N, de P 2O5 e de K2O e do teor deumidade.

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    Quadro 8. Composio aproximada (%) de alguns adubos orgnicos

    MaterialC/N C Umid N P2O5 K2O CaO MgO S Cu Zn

    g/kg mg/kg

    Esterco de gado 20 100 620 5 3 6 2 1 1 6 33Esterco de galinha 10 140 550 14 8 7 23 5 2 14 138

    Torta de cacau - - - 26 6 16 - - - - -

    Torta de mamona 10 450 90 45 7 11 18 5 - 73 128Torta de algodo 10 - - 70 25 120 - - - - -

    Torta de filtro 27 80 770 3 2 0,6 5 0,8 3 13 20Casqueiro de cacau - - - 21 1 6 7 5 - - -

    Composto - - - 8 4 6 - - - - -Adubao mineral

    A adubao uma prtica indispensvel para o acrscimo ou manuteno daprodutividade em nveis adequados e que a mesma exerce influncia no custo de produo, torna-se cada vez mais necessrio o uso correto e racional da adubao, a fim de obter produes maiseconmicas.

    Adubao com macronutrientes

    NitrognioA recomendao de nitrognio um dos poucos casos em que a anlise do solo no

    levada em conta. Isto se deve, principalmente, a prpria dinmica do N no solo. So consideradoso manejo e histrico da rea, a produtividade esperada e, para algumas culturas, o teor de N foliar.O nitrognio juntamente com o potssio um dos nutrientes absorvidos pelo cacaueiro, da suaalta exigncia.

    As principais fontes de N comercializadas no Brasil esto apresentadas no Quadro 9. Onitrognio pode estar na forma amdica (uria), amoniacal ou ntrica e todas as fontes so solveis

    em gua e apresentam elevado ndice de salinidade. Uma vez aplicada no solo, o N amdico ouamoniacal passa para a forma ntrica, pouca retida no complexo de troca e, sujeita a perdas porlixiviao. Para minimizar as perdas, os adubos nitrogenados devero ser parcelados nos perodosem que o N possa ser prontamente absorvido.

    A nitrificao de adubos contendo N amoniacal produz H+, e provoca a acidificao dossolos. A intensidade de acidificao depende do adubo utilizado.

    Quadro 9. Principais fertilizantes nitrogenados, equivalente de acidez (-) e suas garantias mnimas.

    FertilizanteEq. em kg deCaCO3

    N CaO MgO S

    Por 100 kg do produto %

    Uria -79 44 - - -Nitrato de amnio -58 32 - - -

    Sulfato de amnio -107 20 - - 24

    Nitroclcio 0 27 7 3 -

    Fosfato monoamnico - 45 9 - - -

    Fosfato diamnico - 16 - - -

    As fontes de N apresentam resultados agronmicos semelhantes, excetuando em algunscasos:

    a) quando existem condies favorveis de volatilizao da uria, por exemplos: noincorporao; aplicao em superfcie mida que depois seca; quando ocorrem altas temperaturas;quando o pH elevado e em condies de deficincia de S. Nestas condies o sulfato de amnio mais eficiente que a uria.

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    b)quando h condies de lixiviao e de desnitrificao. Nestes casos, as fontesamoniacais comportam-se melhor que as ntricas.

    c) quando h condies de excessiva acidificao do solo ou formao de H2S em solosinundados. Nestes casos, a uria supera a eficincia do sulfato de amnio.

    FsforoA resposta do cacaueiro adubao fosfatada muito elevada (Morais, 1998), haja vistaque, em mais de 80% dos solos analisados apresentaram teores baixos ( fosforitas > apatitas;b)o efeito dos superfosfatos se verifica tanto no primeiro ano, como nos anos posteriores,

    funcionando tambm como fonte de Ca;

    c) o fosfato de amnio no possuem Ca e S em sua composio;d)os termofosfatos e hiperfosfatos (fosforitas) possuem efeito neutralizante no solo;e) a eficincia dos fosfatos naturais brasileiros (apatitas), de baixa solubilidade, tende a

    aumentar com o tempo e em solos cidos.

    Nas recomendaes de adubao, determinados pelo mtodo de extrao, as quantidadesde fsforo a aplicar dependem dos teores de P no solo e para muitas culturas a produtividadeesperada tambm levada em conta.

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    PotssioPara o cacaueiro o potssio o nutriente absorvido em maiores quantidades. O potssio

    encontrado nos tecidos vegetais no incorporado frao orgnica, permanecendo como on.Dessa forma, grande parte do material vegetal reciclado aps a colheita e o K presente podevoltar rapidamente ao solo, em forma prontamente disponvel.

    Os fertilizantes potssicos empregados no Brasil esto listados no Quadro 11. As formas de

    cloreto, sulfatos ou nitratos so todos solveis em gua e prontamente disponveis s plantas.

    Quadro 11. Principais fertilizantes portadores de potssio.

    FertilizanteN K2O Outros nutrientes

    %

    Cloreto de potssio - 58 45 - 48% de Cl

    Nitrato de potssio 13 44 -

    Sulfato de potssio - 48 15 - 17% de S

    Sulfato de K e Mg - 18 22% S; 5% Mg; 2,5%Cl

    Salitre potssico 15 14 18% de Na

    A anlise de solo fornece informaes seguras para se avaliar a disponibilidade de potssios culturas e trata-se do principal parmetro utilizado para definir a recomendao das doses defertilizantes potssicos.

    EnxofreRespostas utilizao de S na adubao, tm sido obtidas principalmente pelo uso de

    frmulas concentradas, pobres em enxofre, por longo perodo de tempo praticamente isento emteores destes nutrientes, bem como pelo cultivo em solos de textura arenosos e pobres em matria

    orgnica.As principais fontes de S esto apresentadas no Quadro 12. Praticamente todas as fontes de

    S esto na forma de sulfato, prontamente disponvel, mesmo na forma de sulfato de clcio, desolubilidade relativamente baixa, presente no gesso e superfosfato simples.

    Quadro 12. Principais fertilizantes contendo enxofre

    Fertilizante S (%) Outros nutrientes

    Sulfato de amnio 22-24 20% de N

    Sulfato de potssio 15-17 48% de K

    Sulfato de potssio e magnsio 22-24 18% K; 5% Mg; 2,5% ClSulfato de clcio (incluifosfogesso)

    13 16% de Ca

    Superfosfato simples 10-12 18% P2O5; 18% Ca

    Enxofre 95 -

    Adubao com micronutrientesO cultivo em solos de baixa fertilidade, a calagem e o aumento da produtividade, so

    fatores que tem favorecido o aumento das deficincias de micronutrientes. Em plantaes decacaueiros produtivos, de maneira geral, tem sido constatado com maior freqncia deficincias de

    zinco. Plantaes cultivadas em reas de alta fertilidade como os Terra Roxa Estruturada - TRE eem perodo de estiagem, observa-se plantas com deficincias de mangans. Em situaes de reasqueimadas ocorrem plantas com deficincia de zinco, boro e cobre.

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    Os sais e xidos inorgnicos, silicatos fundidos e quelatos so usados como fontes demicronutrientes, de forma isolada ou incorporados em formulaes com macronutrientes, esteltimo caso com tendncia de aumento, devido dificuldade de aplicaes de pequenasquantidades normalmente necessrias nas adubaes. No caso de culturas perenes existe grandepossibilidade de utilizar fertilizantes simples portadores de micronutrientes em aplicaeslocalizadas, no sulco ou em covas, ou mesmo na superfcie do solo. Dependendo das quantidadesaplicadas os micronutrientes apresentam efeito residual das adubaes, com exceo do ferro.

    Para as diversas culturas perenes, a pulverizao foliar com micronutrientes uma prticacomum, associado a aplicao de pesticidas. A aplicao foliar pode ser utilizada com saisinorgnicos solveis em gua e quelatos.

    Quadro 13. Principais fontes de micronutrientes utilizados no Brasil e garantias mnimas exigidaspelo Ministrio da Agricultura e do Abastecimento.

    Nutriente FertilizanteGarantia mnima

    (conc. do elemento) %Solubilidade em gua

    BoroBrax 11 Solvel

    cido brico 17 SolvelSilicato 1 Insolvel

    Cobre

    Sulfato 13 Solvelxido cprico (CuO) 75 Insolvel

    Silicato 2 InsolvelQuelato 5 Solvel

    FerroSulfato ferroso 19 SolvelSulfato frrico 23 Solvel

    Quelato 5 Solvel

    Mangans

    Sulfato manganoso 26 Solvelxido manganoso 41 Insolvel

    Silicato 2 InsolvelQuelato 5 Solvel

    MolibdnioMolibdato de sdio 39 Solvel

    Molibdato de amnio 54 SolvelSilicato 0,1 Insolvel

    Zinco

    Sulfato de zinco 20 Solvelxido 50 InsolvelSilicato 3 InsolvelQuelato 7 Solvel

    Recomendao de calagem e adubaoCalagem: Aplicar calcrio lano e em rea total, para neutralizar o alumnio trocvel do

    solo de forma a atingir o pH em gua prximo de 5,5.

    Adubao de plantio: Com antecedncia de 30 dias do plantio, incorporar por cova 4 kg deesterco de gado ou 2 kg de esterco de galinha ou 1 kg de torta de mamona, 300 g de calcriodolomtico, 60 g de P2O5, 100g de Fritted Trace Elements-FTE BR-8. Acrescentar 2 parcelas de 10 gde N em cobertura ao redor das plantas aos 6 e 9 meses aps o plantio.

    Adubao mineral de formao: Aplicar, em cobertura ao redor das plantas, em duasparcelas no perodo inicial e final das chuvas, as seguintes quantidades de nutrientes N P2O5K2O, em gramas por planta (Campos 1981; Morais, 1987; modificados).

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    Quadro 14 Quantidades de nutrientes N P2O5K2O em gramas por planta

    IdadeAnos

    N P Merlich, mg/dm3 K trocvel, meq/100cm3

    g/planta< 6 7 - 15 > 15 0,12 0,130,30 > 0,30

    P2O5, g/planta K2O, g/planta

    1 20 90 60 30 60 30 102 30 90 60 30 60 30 10

    3 40 90 60 30 60 30 10Em plantas com idade de 0 a 1 ano, localizar os adubos ao redor da coroa, num raio de 0,5

    m; em plantas com idade de 1 a 2 anos, aumentar o raio para 1,0 m; em plantas com idade de 2 a 3anos aumentar o raio para 1,5 m e do quarto ano em diante aplicar a lano e em rea total noespao compreendido entre quatro cacaueiros.

    Adubao mineral de produo: Aplicar em cobertura e em rea total, de acordo com aanlise de solo, as seguintes quantidades de nutrientes (Campos, 1981; Morais, 1987; modificados).

    Quadro 15 Quantidades de nutrientes N P2O5K2O em quilogramas por hectareN P Merlich, mg/dm3 K trocvel, meq/100cm3

    N, kg/ha < 6 7 - 15 > 15 0,12 0,13

    0,30 > 0,30P2O5, kg/h K2O, kg/ha

    60 90 60 30 60 30 10

    Parcelar em duas vezes a adubao, aplicando a lano e em rea total no incio e final daschuvas.

    Quadro 16 Acrescentar boro, mangans e zinco de acordo com a anlise de solo:B no solomg/dm3

    Bkg/ha

    Mn no solomg/dm3

    Mnkg/ha

    Zn no solomg/dm3

    Znkg/ha

    0 0,20 2 0 1,2 5 0 0,5 5

    Composio qumica foliar do cacaueiro: Os limites de interpretao so definidos pelasseguintes faixas de teores adequados na matria seca.

    g/kg mg/kgN = 20 25P = 1,8 2,5K = 13 23Ca = 9 12Mg = 4 7S = 1,7 2,0

    B = 25 70Cu = 8 15Fe = 60 200Mn = 50 300Mo = 1,0 2,5Zn = 30 100

    Manejo das PragasAntonio Carlos de Barros Mendes

    A lavoura cacaueira apresenta um diversificado grupo de insetos associado ao cultivo, entre osquais os benficos, constitudo por espcies polinizadoras das flores e por parasitides e predadoresque se alimentam de outros insetos. Apresenta ainda o grupo dos nocivos que em determinadascondies favorveis apresentam nvel populacional elevado, causando danos econmicos,constituindo-se, desta forma, pragas da lavoura. Dependendo dos hbitos podem danificar brotos,folhas, flores, ramos, tronco e frutos, podendo at levar a planta morte na fase juvenil.

    A seguir, so apresentadas informaes gerais sobre as principais pragas do cacaueiro naAmaznia e o manejo integrado dessas espcies. Pretende-se com esse trabalho, oferecer aosextensionistas e produtores meios para racionalizar o uso dos inseticidas na lavoura, minimizandoassim, os efeitos adversos sobre o ambiente.

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    Tripes (Selenothrips rubrocinctus)

    considerado uma das pragas mais importantes para a cacauicultura Amaznica. O adultoapresenta um comprimento que varia de 1,1 a 1,4 mm, sendo suacolorao preta ou marrom escura. As asas so do tipo franjada,o que caracteriza a Ordem a que pertence. As formas jovens so

    de um colorido geral branco amarelado com os dois primeirossegmentos do abdome vermelhos. As ninfas carregam, entre osplos terminais, na extremidade do abdome, pequena gotcula deexcremento lquido. Tanto as larvas como os adultos vivem emcolnias, na face abaxial das folhas parcialmente maduras,prxima s nervuras ou na superfcie dos frutos em fase dematurao (Fig. 16).

    Nas folhas a sintomatologia do ataque, em decorrncia dohbito alimentar do tripes ser raspador sugador, se manifesta pela presena de manchasclorticas no limbo, as quais aps algum tempo, tornam-se necrosadas, dando origem queima(Fig. 17). Se o ataque for intenso, ocorre a queda parcial ou total das folhas, caracterizando oemponteiramento. Aps a brotao pode haver reinfestao causando o depauperamento oumesmo a morte da planta.

    O ataque nos frutos causa a ferrugem dificultando o reconhecimento do estado dematurao dos mesmos, induzindo assim, a colheita de frutos verdoengos ou excessivamentemaduros, afetando a qualidade do produto final (Fig. 18). Ocorre tambm reduo no rendimentodo trabalhador que est realizando a colheita , devido o mesmo testar o estado de maturao,raspando a casca do fruto antes de colh-lo. A ferrugem formada pela deposio na superfcie dofruto, do excremento lquido que as formas jovens carregam na extremidade do abdome, bemcomo do derramamento e oxidao do contedo celular, provocado pelo hbito alim