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Oferecimento: Site Tabelas de Frete

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Oferecimento: Site Tabelas de Frete

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Apresentação:

Eng. Antonio Lauro Valdivia Neto Especialista em transportes; Engenheiro de Transportes, pós-graduado e Mestre em Administração de Empresas. Corresponsável técnico pelo site Guia do TRC, sócio da RLV Soluções Empresariais, colunista da Revista “O Carreteiro”, Professor Universitário;. Assessor técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas – NTC, membro da Câmara Temática Veicular do DENATRAN, membro da Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e membro do Conselho Estadual para Diminuição dos Acidentes de Trânsito e Transporte (CEDATT) do Governo do estado de São Paulo.

Eng. João Roberto Valdivia Engenheiro Civil, Bacharel em Administração de Empresas com especialização em transporte e Mestre em Administração, atua na área de administração de frotas, apropriação e formação de custos operacionais de transporte. Ministra cursos sobre gerenciamento de frotas e administração de empresas de transporte. Professor universitário, autor de artigos e ensaios técnicos publicados em revistas especializadas. Auditor e consultor da Confederação Nacional do Transporte no Programa QUALIDAQ (Programa IDAQ de Gestão pela Qualidade e Produtividade em Transporte). Está no setor desde 1990, é sócio da RLV Consultoria e Treinamento em Transporte e é um dos responsáveis técnicos do site Transporte e Economia.

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

INTRODUÇÃO

Na ânsia de pegar serviço, muitos esquecem de analisar o próprio valor do frete. Assim,

acabam por ignorar boa parte dos custos, tendo muitas vezes prejuízos e estragando o

mercado todo, pois desta forma o preço do frete diminui cada vez mais para todos que

atuam neste setor.

O profissional de transporte precisa ter consciência que não é só quem oferece frete que tem

o poder de ditar preços. Já é hora do fornecedor do serviço de frete equilibrar esta balança,

negociando melhores preços e fazendo com que o frete recebido retome cada vez mais a

sua função: viabilizar o negócio com lucro e rentabilidade.

Afinal é o lucro que gera os recursos necessários para o investimento nas melhorias e

crescimento da empresa.

A Estória tem Início

Custos Operacionais de Caminhões

Certa vez, em um restaurante de beira de estrada, dois grandes amigos jogavam conversa

fora na mesa após a janta. Os dois estavam envolvidos com o setor de transporte sendo José

um motorista autônomo e Augusto era funcionário de uma grande empresa transportadora.

Em dado momento da conversa, a discussão passou a ser os fretes praticados e os gastos

que o caminhão dava, pois a grosso modo ambos concordavam que as despesas do veículo

eram grandes, tanto para José que possuía veículo próprio quanto para a empresa de

Augusto que possuía uma frota razoável de caminhões. Assim, ambos resolveram levantar o

quanto deveria custar ter e manter um caminhão e, ainda verificar se o frete recebido era

suficiente para cobrir todos os custos.

Ambos tinham um caminhão parecido, ou seja, um caminhão do tipo truck (3 eixos).

Como primeiro passo, eles resolveram listar todos os gastos que eles imaginavam que um

caminhão tinha.

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Combustível Manutenção Pneus

Lavagem Licenciamento

Num primeiro momento, José ficou até contente, pois a lista não era tão grande quanto ele

imaginava. Mas ai, Augusto, com cara de dúvida, questionou se realmente seriam só estes os

custos de um caminhão. E resolveram então, que ambos tentariam levantar com seus

conhecidos os possíveis custos que poderiam estar faltando. E, em um próximo encontro

eles examinariam o resultado.

Alguns dias depois, no novo encontro, José e Augusto analisaram o resultado de seus

esforços. E, uma nova lista surgiu:

Combustível Pneus Manutenção (peças e mão de obra)

Lubrificantes Lavagem Licenciamento

Seguro obrigatório IPVA Seguro do veículo

E, até umas tais de, remuneração de capital e depreciação do veículo, que um colega do

Augusto disse que também eram custos do veículo. E para esclarecer a José, Augusto pediu

ao seu colega, que escrevesse uma explicação sobre estes dois custos que ele não conhecia,

mas que seu colega afirmava que existiam e eram muito importantes.

Depreciação do veículo

Depreciação é o nome que se dá a perda de valor do caminhão à medida que este fica mais

velho. Ou seja, com o passar do tempo o caminhão adquirido vai ficando cada vez mais

velho e, além disso, são lançados caminhões novos mais avançados, seguros e econômicos.

E, portanto, para você trocar o seu caminhão por um mais novo de igual categoria é

necessário que você pague a diferença de valor entre ambos. E, é justamente esta diferença

de valor que é considerada como um dos custos do veículo: o custo de depreciação do

veículo.

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Este é um custo importante, pois se você não o considera, quer dizer que não terá nunca

dinheiro para trocar o caminhão por um mais novo. E, desta forma, o dono do veículo teria

que trabalhar com o caminhão até que este ficasse tão velho a ponto de não rodar mais. E, ai

só lhe sobraria duas opções: recorrer ao banco para financiar um novo caminhão ou mudar

de negócio.

Remuneração de capital

Quando você ou a empresa tira o dinheiro de uma caderneta de poupança, por exemplo,

deixa de receber os juros deste dinheiro. Como para adquirir um caminhão é necessário ter

certa quantia de dinheiro, dinheiro este que, antes de se investir na compra do caminhão,

estava rendendo no banco, e deixa de render com a compra do caminhão. Portanto, nada

mais justo que o caminhão “pague” o valor que você estava recebendo do banco, e é este

valor que se chama remuneração do capital investido.

Mesmo porque, se você não tiver o dinheiro e recorrer a um financiamento para comprar um

caminhão, quem lhe emprestar o dinheiro irá cobrar juros da quantia emprestada. E, você

terá que faturar o suficiente com o caminhão para pagar estes juros também.

Lista dos Custos

Convencidos sobre a importância da remuneração do capital e a depreciação, os dois amigos

resolveram montar um quadro com todos os valores necessários para calcular o custo

operacional de um caminhão.

Preço do caminhão mais novo

Preço do caminhão usado

Taxa de juro anual

Quantidade de anos de utilização do caminhão

Total gasto com Licenciamento, IPVA e Seguro Obrigatório

Valor para assegurar o caminhão por um ano

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Gasto médio no mês com manutenção do caminhão

Quilometragem média mensal rodada pelo caminhão

Preço do pneu novo

Durabilidade do pneu novo em quilômetros

Preço da recapagem

Número alcançado de recapagens por pneu

Durabilidade alcançada em cada recapagem em quilômetros

Consumo médio de combustível em km/litro

Preço pago pelo litro de combustível

Preço do litro de óleo lubrificante de motor

Capacidade de Carter em litros

Remonta de óleo entre trocas (óleo completado)

Intervalo entre trocas de óleo de motor em quilômetros

Preço da lavagem completa do caminhão

Quantidade de lavagens por mês

Custos Fixos e Variáveis de um caminhão

Mas nesta nova lista, José percebeu que alguns custos, apesar de serem do caminhão, sua

ocorrência variava. Alguns custos variavam com a quilometragem e outros com o tempo. E,

então José sugeriu que fosse feita uma classificação:

Custos ligados ao tempo: Custos ligados à quilometragem

rodada:

Custos Fixos mensais Custos Variáveis por km

Depreciação do veículo Manutenção do veículo (peças e MO)

Remuneração do capital Pneus, câmaras, protetores e recapagens

Licenciamento Combustível

Seguro Obrigatório Troca + Remonta de óleo de motor

IPVA Lavagem

Seguro do veículo

Depois de organizar as contas de forma satisfatória, faltava determinar quanto se gastava

com cada um deles.

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Para ajudar nesta tarefa eles consultaram o site Tabelas de Frete

(WWW.tabelasdefrete.com.br).

Custos Fixos

Custos que, se por um lado, não se alteram com a quilometragem rodada pelo caminhão,

por outro variam com o tempo.

Depreciação do caminhão

Este é um custo que só ocorre na hora da troca do caminhão e, portanto, muitas vezes não é

lembrado e considerado nos cálculos de custos operacionais. Mas para ter à diferença na

hora da troca do caminhão é necessário que o dono do mesmo guarde todo mês um pouco

do que recebe, como se fosse uma parcela de financiamento, bem mais barata é claro. E, é

desta forma que ele terá o valor para a troca de seu caminhão. Veja este exemplo:

ANO 2015 2014 2013 2012 2011 2010

Valor do caminhão 180.000 152.500 125.000 111.000 94.000 82.700

+ NOVO USADO

Caminhão mais NOVO R$ 125.000,00

Caminhão a ser Trocado R$ 82.700,00

Diferença em 3 anos R$ 42.300,00 o que dá R$ 14.100,00 por ano

Observe o raciocínio utilizado: tem-se um caminhão ano 2010 que será substituído por

outro, 3 anos mais novo. Isto quer dizer que, para trocar o caminhão por outro, 3 anos mais

novo, deve-se dispor de R$ 42.300,00, ou seja, deve-se guardar R$ 14.100,00 por ano (

42.300,00 3), ou R$ 1.175,00 por mês (14.100,00 12 meses de um ano).

Remuneração de capital - investido no caminhão

No caso da remuneração de capital também se calcula um valor mensal por se tratar de um

intervalo de tempo que as pessoas e as empresas estão mais acostumadas. Exemplo:

Valor do veículo mais novo (compra) = R$ 125.000,00

Valor do veículo usado = R$ 82.700,00

Taxa de juro anual = 6% (poupança)

Etapa 1: soma-se o valor de compra com o valor de venda:

Valor de Compra + Valor de Revenda

125.000,00 + 82.700,00 = 207.700,00

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Etapa 2: multiplica-se a soma anterior pela taxa de juros anual adotada:

Somatória X Taxa de Juro Anual

207.700,00 x 6% = 12.462,00

Etapa 3: divide-se o montante anterior encontrado, de 12.462,00, por 24:

Montante 24

12.462,00 24 = R$ 519,25 (valor de remuneração de capital mensal)

Licenciamento, IPVA, seguro obrigatório, etc

O licenciamento, seguro obrigatório, IPVA, despachante e seguro do veículo

são valores que são gastos a cada ano e não se alteram se o veículo rodar ou não. Neste

caso deve-se transformar esses valores em parcelas mensais, dividindo-se a somatória deles

por 12 meses.

Exemplo:

ANUAL Parcelas MENSAIS

Licenciamento R$ 60,00 12 R$ 5,00

Seguro Obrigatório R$ 240,00 12 R$ 20,00

IPVA R$ 3.600,00 12 R$ 300,00

Taxa Vistoria de Tacógrafo R$ 84,00 12

R$ 7,00

Despachante R$ 60,00 12 R$ 5,00

TOTAL R$ 337,00

Seguro do Casco do Veículo

Para cobrir o custo dos eventuais acidentes e roubos, que por acaso, possam

acontecer com o veículo, seu proprietário pode fazer um seguro com uma

seguradora, transferindo desta forma estes riscos, ou pode, bancar o risco formando um

fundo de reserva para ser utilizado quando alguma destas eventualidades acontecerem.

A forma mais prática de se determinar qual o valor deve-se adotar como custo é consultar

algumas seguradoras e trabalhar com a média dos valores orçados, na opção de se bancar

os riscos, ou adotar o valor contratado com a empresa escolhida. Caso o valor, como é

comum, seja fornecido por ano, deve-se dividir o mesmo por 12 para ter o custo mensal.

Seguro Anual do veículo R$ 12.600,00 12 R$ 1.050,00 (custo mensal)

Custo fixo mensal do caminhão

A somatória dos custos fixos calculados resulta no quanto custa o veículo por me para o seu

proprietário.

Depreciação do veículo .............................. R$ 1.175,50

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Remuneração de capital investido .............. R$ 519,25

Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc ............ R$ 337,00

Seguro do Veículo ...................................... R$ 1.050,00

Total do custo fixo mensal ......................... R$ 3.081,25

Lembre-se sempre que os custos fixos estão ligados ao tempo, portanto, sua

variação será proporcional ao tempo gasto na execução do serviço de

transporte. É prático ter o valor do custo fixo por dia e por hora:

Custo fixo por dia = Custo fixo mensal ÷ Dias efetivamente trabalhados pelo veículo

(média/mês)

Exemplo: o veículo trabalha em média 21 dias por mês (está média é resultado dos dias trabalhados por mês pela frota toda da empresa, caso o mesmo faça parte desta frota, considerando os doze meses do ano).

R$ 3.269,83 ÷ 21 = R$ 155,71

Custo fixo por hora = Custo fixo por dia dividido pelas horas trabalhadas em média por dia.

Exemplo: o veículo trabalha 12 horas por dia.

R$ 155,71 ÷ 12 = R$ 12,98

Custos variáveis por quilômetro

Os custos que variam com a quilometragem rodada do caminhão são os mais conhecidos e

sentidos pelos donos de caminhões, pois o seus gastos ocorrem com mais frequências, pois

são os insumos gastos para fazer o veículo se movimentar, são eles:

Manutenção do veículo

O custo com manutenção do veículo são todos os gastos relacionados com a

troca das peças com defeitos e desgastadas, a mão de obra que executa a troca

da peça, bem como os serviços feitos no veículo que não envolva peças, por

exemplo, execução de regulagem e ajustes.

O modo mais fácil para se calcular o custo quilômetro de manutenção é apurar tudo que se

gastou com manutenção do veículo em um determinado período, por exemplo, nos últimos

12 meses e, verificar qual foi à quilometragem que o caminhão rodou neste período. Após o

levantamento, basta dividir o gasto pela quilometragem rodada. Veja o exemplo:

gasto com manutenção em 12 meses ou um ano = R$ 24.000,00

quilometragem rodada nos 12 meses ou um ano = 100.000 km

Manutenção =

km

gasto

000.100

000.24 R$ 0,240 por km

Combustível

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Este é o custo que ninguém esquece e o mais fácil de calcular, pois, basta dividir o preço do

litro de combustível pela média de consumo alcançada pelo seu caminhão. Exemplo:

Combustível = média

litro$

4,3

80,2 R$ 0,824 por km

Pneus

Apesar de ser um custo fácil de calcular, a obtenção dos dados utilizados em seu

cálculo requer um bom controle por parte do dono do caminhão. Saber quanto

dura um pneu novo e cada uma das recapagens é um trabalho que exige cuidado,

empenho e dedicação, pois um descuido nas anotações pode por tudo a perder. O

cálculo é feito dividindo-se o preço pago pelo pneu novo mais as recapagens, pela

quilometragem que os pneus durarem considerando todas as suas vidas (novo mais

recapes). Exemplo:

Pneus =

km

gasto

Gasto:

[Preço pneu Novo] + [Quantidade média de Recapes] X [Preço da Recapagem]

Tudo vezes o total de pneus utilizados pelo veículo

Km:

[Durabilidade dos pneus Novos] + [Qde média de Recapes] X [Durabilidade média da

Recapagem]

Exemplo:

Preços Durabilidade

Pneu novo: R$ 1.000,00 90.000 km

Recapagem: R$ 420,00 80.000 km

Média de recapes por pneu: 2,5

Quantidade de pneus do veículo: 10

Gasto:

( R$ 1.000,00 + 2,5 x R$ 420,00 ) x 10 = R$ 20.500,00

Km:

90.000 + 2,5 x 80.000 = 290.000 km

Pneus =

km

gasto

000.290

00,500.20 R$ 0,071 por km

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Lubrificantes (óleo de motor)

Este também não é um custo difícil de apurar, basta pegar o manual do

caminhão e verificar qual é a capacidade do carter, o preço do litro do óleo

recomendado e por fim o intervalo de troca, em quilômetros, exigido pelo tipo de óleo. O

custo por quilômetro de lubrificante de motor é o que se gastou (quantidade de litros vezes

o preço do litro de óleo) dividido pelo intervalo entre as trocas em quilômetros. Entretanto,

você não deve esquecer dos litros utilizados para completar o óleo entre as trocas, assim, os

litros utilizados na remonta devem ser somados aos da troca. Exemplo:

Quantidade de litros = capacidade do carter + remonta de óleo = 15 + 3 = 18

litros

Preço do litro = R$ 13,50

Intervalo entre trocas = 10.000 km

Lubrificantes =

km

gasto

000.10

50,1318x R$ 0,024 por km

Lavagem

Para este item deve-se determinar o número de vezes que o caminhão é lavado

em média por mês (lavagem completa) e verificar a quilometragem média rodada

por mês, e por fim ligar para um posto e perguntar o preço de uma lavagem, caso não se

tenha o custo da lavagem própria. E, também neste caso, se divide o gasto com a média de

lavagens do mês pelos quilômetros rodados em média por mês, obtendo-se assim, o custo

por quilômetro de lavagem. Exemplo:

Número de lavagens mês = 2,2 lavagens

Preço de cada lavagem = R$ 120,00

Quilometragem média mensal = 6.000 km

Lavagem =

km

gasto

000.6

00,1202,2 x R$ 0,044 por km

Desta forma, fazendo a somatória dos valores se apura custo total variável de cada

quilometro que o caminhão roda.

Manutenção R$ 0,240

Combustível R$ 0,824

Pneus R$ 0,071

Lubrificantes R$ 0,024

Lavagens R$ 0,044

Total do custo por km R$ 1,203 por km.

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Como compor os custos operacionais de um caminhão

E agora, o que fazer com todos estes valores? E foi com esta pergunta na

cabeça que os dois amigos tiveram uma grande idéia. Trabalhar com o

custo fixo do veículo por dia e o custo por quilômetro rodado, pois desta

forma, facilitaria bastante a análise dos fretes oferecidos. Bastando

multiplicar os dias de viagem pelo custo dia e somar o resultado da quilometragem rodada

pelo o custo do quilômetro para ter o custo do caminhão em cada viagem.

Mas, ai surgiu uma nova dúvida:

Será que é certo dividir os custos mensais por 30 dias?

E raciocinando melhor José e Augusto chegaram à conclusão que não. Eles deveriam

descontar pelo menos os dias que não tinha serviço, os dias que eles passavam com a

família, e também os dias em que o veículo ficava parado em manutenção. Que em média,

eles concluíram ser de oito dias por mês, ou seja, o caminhão trabalhava efetivamente 22

dias por mês e este foi o valor que eles resolveram utilizar na divisão dos custos mensais.

Vejamos um exemplo do cálculo desta diária:

Custo Fixo mensal do caminhão DIÁRIA

R$ 3.081,25 dias22 R$ 140,06

E assim eles conseguiram o que queriam: os dois valores para o cálculo do custo da viagem.

Custo da Diária R$ 140,06

Custo do km R$ 1,203

Não ligados diretamente ao veículo (Custos Indiretos)

Os custos indiretos, também conhecidos como despesas administrativas e de terminais

(DAT), são aqueles que não estão relacionadas diretamente com a operação do veículo. Não

variam, portanto, com a quilometragem rodada, e também estão relacionados com o tempo

assim como os custos fixos do veículo.

Quando se tratar de profissionais autônomos são consideradas as seguintes despesas:

Despesas Administrativas

Contador

Telefone

Material de escritório

Seguro de vida

Outras

Também não se pode esquecer que há ainda as despesas que ocorrem durante a viagem,

por exemplo:

Despesas de Viagem

Borracharia (estrada)

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Pedágios

Refeições

Chapa

Entre outras

E foi assim que eles trataram as despesas administrativas, José procurou levantar as despesas

de um ano de cada um dos itens e as dividiu por 12. Ele tomou este cuidado, pois se pegasse

a despesas de alguns poucos meses, por exemplo, poderia haver algum gasto alto ou baixo

demais, o que poderia mascarar o resultado. Já com dados de um ano, estes poucos valores

atípicos são diluídos juntamente com os demais meses.

Total ANUAL Média MENSAL

Contador R$ 900,00 R$ 75,00

Telefone R$ 1.296,00 R$ 108,00

Material de escritório R$ 108,00 R$ 9,00

Seguro de vida R$ 780,00 R$ 65,00

Carnê do INSS – autônomo R$ 1.920,00 R$ 160,00

TOTAL mensal de R$ 5.004,00 R$ 417,00

Com mais este cálculo faltava a José determinar os impostos pagos e uma diária que

cobrisse as despesas de viagem: café, almoço, janta e repouso. Já que os pedágios são

reembolsados e o custo de borracharia entrou como custo de manutenção.

Como definir uma diária de viagem?

José estabeleceu os seguintes valores para compor a diária:

Café da manhã R$ 6,50

Almoço R$ 17,50

Janta R$ 17,50

Pernoite R$ 30,00

TOTAL R$ 71,50

Ou seja, para cada dia de viagem José deveria receber R$ 71,50 para cobrir estas despesas.

Impostos

Agora só ficam faltando os impostos devidos.

Sob este aspecto os autônomos também levam vantagem, por ter, basicamente três

impostos a recolher:

IR

Sest/Senat

INSS - autônomo

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

José considerou as seguintes alíquotas de impostos:

IR 2,7%

Sest/Senat 0,5%

INSS – autônomo 2,2%

Total de Impostos 5,4%

Com tudo isto calculado, José pode montar o seguinte quadro com as informações

resumidas:

Custos do veículo

Fixo mensal R$ 3.081,25

Variável por km R$ 1,203

Despesas Administrativas R$ 415,00

Impostos sobre o preço cobrado 5,4 %

Diária (viagem) R$ 71,50

E agora, como chegar ao valor correto do frete?

Bom, e o que fazer com todos estes valores? Foi com esta pergunta na cabeça que José

lembrou da sua ideia de trabalhar com a diária que ele calculou e o preço por quilômetro

rodado.

Para o cálculo desta diária ele utilizou:

MÊS DIA

Custo Fixo mensal do veículo R$ 3.081,25 dias22 R$ 140,06

Despesas Administrativas mensais R$ 417,00 dias22 R$ 18,95

Diária (viagem) -----X----- R$ 71,50

Total R$ 230,51

E assim José conseguiu o que queria: os dois valores para o cálculo do frete. Mas mesmo

assim não ficou satisfeito, pois teria que incluir ainda os impostos. E resolveu perguntar para

seu contador se não existia alguma maneira de embutir os impostos juntamente com os

custos. Como resposta seu contador lhe forneceu um número, chamado de MARK UP para

multiplicar a sua diária e o valor do quilômetro rodado, incluindo assim os impostos. E,

forneceu também um valor de mark up já com uma margem de lucro de 15%, caso José

resolvesse incluir o seu lucro também.

MARK UP = 1 / [ 1 – ( 5,4%) ] = 1,0571 (só impostos)

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

MARK UP = 1 / [ 1 – ( 5,4% + 15%) ] = 1,256 (impostos + 15% de lucro)

E assim ficaram seus preços:

Só com impostos:

Custo Dia R$ 230,51 x 1,0571 R$ 243,67

Custo Km R$ 1,203 x 1,0571 R$ 1,271

Estes são valores utilizados para a comparação de fretes oferecidos, sendo que neste caso o

lucro será a diferença entre o frete oferecido e o calculado por estes valores. Veja o exemplo

mais a abaixo.

Com mais 15% de lucro:

Diária (frete) R$ 230,51 x 1,2563 R$ 289,59

Km R$ 1,203 x 1,2563 R$ 1,511

Neste segundo caso, os valores são utilizados quando se dá o preço do frete a alguém ou se

utiliza para mondar uma tabela de frete. Desta forma o lucro será o do percentual embutido

de 15 %.

E, com uma cara de satisfação José concluiu que não era tão difícil assim calcular um frete.

Como teste José utilizou o último frete que recebeu.

Frete recebido .................. R$ 2.450,00

Distância percorrida na ida e na volta ........ 900 km

Duração do serviço ..................................... 4 dias

Custo do Tempo

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Custo do Tempo = Duração Serviço x Custo DIA = 4,0 dias x 243,67 = R$ 974,68

Custo Quilômetro

Custo km = Distância x Custo km = 900 km x 1,271 = R$ 1.144, 05

Custo do Serviço = Custo do Tempo + Custo Quilômetro

= 974,68 + 1.144,05

Custo do Serviço = R$ 2.118,72

Assim, para verificar o ganho aproximado neste serviço bastou fazer:

Receita (Frete) R$ 2.450,00

Custo Total do Serviço R$ 2.118,72

Resultado (Lucro ou Prejuízo) R$ 331,28 margem de lucro de 13,5%

Mas quanto José deveria cobrar para ter os 15% de lucro que ele imaginou?

Neste caso, a conta é a mesma só que usando o preço calculado com o Mark up com a

margem de lucro almejada.

Diária (frete) R$ 289,59

Km R$ 1,511

Preço do Tempo

Preço do Tempo = Duração Serviço x Preço do DIA = 4,0 dias x 289,59 = R$ 1.158,35

Preço Quilômetro

Preço km = Distância x Preço km = 900 km x 1,511 = R$ 1.359,63

Preço do Serviço = Preço do Tempo + Preço Quilômetro

= 1.158,35 + 1.359,63

Preço do Serviço com 15% de margem = R$ 2.517,98 (ganho de R$ 377,70 = 15%)

Enfim, Augusto, amigo de José sugeriu que eles analisassem mais a fundo o negócio do José.

E, passaram a calcular os possíveis ganhos mensais do José e seu caminhão.

Faturamento e ganho mensal

A primeira coisa feita foi verificar qual a quantidade de viagens ou serviços possíveis de se

fazer durante um mês:

Nº Serviços/mês = 22 dias trabalhados ÷ tempo do serviço = 22 ÷ 4 = 5,5 serviços por mês

Com o frete de R$ 2.450,00 sua receita mensal seria de R$ 13.475,00 (2.450,00 x 5,5) e seu

ganho de R$ 1.822,02 (331,28 x 5,5).

Já com o frete de R$ 2.517,98 sua receita mensal seria de R$ 13.848,89 (2.517,98 x 5,5) e seu

ganho passaria a ser de R$ 2.077,33 (377,70 x 5,5).

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

17

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Ambos chegaram à mesma conclusão: trabalhar como motorista empregado, como Augusto,

não era tão ruim, pois, seu salário era de R$ 1.800,00 e ele ainda tinha férias, décimo terceiro

salário e o fundo de garantia.

Sem se conformar José foi verificar aonde ia todo o dinheiro recebido, pois ele tinha a

impressão de que deveria sobrar muito mais do que as contas indicavam.

Demonstrativo

Depreciação do veículo 213,64R$

Remuneração de capital investido 94,41R$

Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc 61,27R$

Seguro do Veículo 190,91R$

Manutenção 216,00R$

Combustível 741,18R$

Pneus 63,62R$

Lubrificantes 21,87R$

Lavagens 39,60R$

Despesas Administrativas 75,82R$

Diária (viagem) 286,00R$

Impostos sobre o preço cobrado 114,41R$

Total dos Custos 2.118,72R$

Margem de Lucro 331,28R$

Valor Recebido 2.450,00R$

O demonstrativo acabou mostrando que o transporte é uma atividade que, para os que não

o conhecem bem, é aparentemente “muito” lucrativo. Isto ocorre porque boa parte dos

custos não é paga durante a prestação do serviço (viagem), o que acaba por iludir os

desavisados.

Assim, quase metade (48%) do valor recebido não sai do bolso do dono do caminhão

durante o mês que o serviço de transporte foi realizado. E, muitos acabam achando que

como sobrou no bolso é lucro e, caso fosse verdade seria realmente um lucro excepcional.

Mas a realidade mostra que o lucro é de 13,5%, portanto muito abaixo dos 48% imaginado.

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

18

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Demonstrativo

Depreciação do veículo 213,64R$ Não se PAGA

Remuneração de capital investido 94,41R$ Não se PAGA

Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc 61,27R$ Não se PAGA

Seguro do Veículo 190,91R$ Não se PAGA

Manutenção 216,00R$ Não se PAGA

Combustível 741,18R$

Pneus 63,62R$ Não se PAGA

Lubrificantes 21,87R$

Lavagens 39,60R$

Despesas Administrativas 75,82R$

Diária (viagem) 286,00R$

Impostos sobre o preço cobrado 114,41R$

Total dos Custos 2.118,72R$

Margem de Lucro 331,28R$ Não se PAGA

Valor Recebido 2.450,00R$ 1.171,12R$ 48%

Estes cálculos permitiram que José e Augusto tirassem algumas conclusões importantes com

relação ao frete recebido.

Outras conclusões que os dois amigos chegaram

1. Que o lucro que eles pensavam que José estava tendo inicialmente, era bem maior

que o seu lucro real apurado de R$ 331,28, uma diferença creditada aos custos já

pagos (Ex. IPVA) ou a pagar (Ex. depreciação).

2. Que se ele recebesse menos de R$ 2.118,72 de frete nesta viagem ele teria prejuízo.

3. Que existem custos e despesas em transporte que não são imediatas ou visíveis, mas

que existem e são altas, como por exemplo: a depreciação, os gastos com pneus, a

própria manutenção do veículo, e etc.

4. Há despesas que são pagas adiantadas e precisam ser recuperadas ao longo do

tempo, como é o caso do licenciamento, IPVA, seguro obrigatório, etc.

5. Que existem vários tipos de custos: os ligados ao veículo, os administrativos, os que

variam com a quilometragem rodada, os que variam com o tempo, etc.

Mas será que o transporte de carga por caminhão é um bom negócio? Ou seja: Será que este

lucro é bom?

Para saber se um negócio é bom, é preciso compara-lo a outros. Uma forma simples de se

verificar é comparar o dinheiro investido no caminhão com o rendimento da poupança, por

exemplo. Entretanto não podemos esquecer que só porque o negócio hoje não está bom

que ele nunca o foi ou não poderá melhorar.

Alem disso, muito do sucesso de um negócio está ligado a forma de administra-lo, ou seja,

está nas mãos do próprio proprietário. E este deve gerir o negócio caminhão de forma

racional:

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

19

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

1. Ter sempre em mente a economia, seja dirigindo o caminhão, seja no momento de

comprar: peças, combustível, caminhão e etc.

2. Produzir cada vez mais, ou seja, aproveitar ao máximo a capacidade de seu

caminhão ao longo do tempo.

3. Negociar sempre: procurando os melhores fretes e analisando sempre o frete

oferecido.

4. Não esquecer nunca que toda viagem tem ida e volta.

Enfim, faça como José, questione o que lhe é oferecido, pois desta forma, você poderá se

certificar que este é realmente o melhor negócio e descobrir o que fazer para melhora-lo.

Mas e para a empresa transportadora será que os custos são os

mesmos? E, a forma de calcular também?

Com o fim dos cálculos feitos com base nos custos do José, que

trabalha por conta própria, os dois amigos se animaram e,

resolveram prosseguir e ver se conseguiam descobrir as diferenças

existentes entre os custos de um caminhoneiro e de uma

transportadora.

A primeira coisa que observaram é que os custos do caminhão são

praticamente os mesmos. O que deve variar é o preço pago em alguns insumos, onde a

empresa consegue preços um pouco melhores, pois compra em maior quantidade. Por outro

lado, o consumo dos caminhões dos autônomos tende a ser menor, por ser o dono que o

dirige.

Mas há uma diferença significativa no custo dos veículos da transportadora é o custo com os

motoristas, valor que deve fazer parte da planilha do caminhão da empresa e não fez parte

dos custos do José, cujo salário é o que sobra no final do mês.

Mão de Obra de Motorista

O valor que deve compor a planilha neste item engloba um salário médio que inclui: salário

base, horas extras, prêmios, comissões, todos os benefícios (cesta básica, vale transporte,

plano de saúde, seguro de vida, entre outros) do motorista e/ou ajudante, alem dos

encargos sociais (férias, décimo terceiro, salário família, fundo de garantia, INSS, contribuição

para o SEST/SENAT, etc).

Também é bastante comum, a empresa ter mais de um motorista por caminhão, o que deve

aumentar o seu valor. Portanto, o cálculo a ser feito é o seguinte:

Para definir os custos dos encargos Augusto conversou longamente com o pessoal de

Recursos Humanos da empresa onde ele trabalha. A conversa resultou em um quadro com

encargos sociais:

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

20

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Motorista

Salário Base -

INSS 20,00%

FGTS 8,00%

SEST 1,50%

SENAT 1,00%

INCRA 0,20%

Sebrae 0,60%

Salário educação 2,50%

Seguro acidente do trabalho 3,00%

PCMSO -

Férias 8,33%

1/3 Férias 2,78%

Aviso Prévio 2,08%

Auxílo Doença 0,41%

Férias Proporcionais (Sobre Aviso) 1,04%

13º Salário 8,33%

Gru

po

C

50% Multa FGTS 4,25%

Total de Encargos 64,64%

Imp

ost

os

Gru

po

AG

rup

o B

Equipe Embarcada

E um quadro com os principais benefícios.

Assistência Médica 3,1%PLR 3,2%

Seguro de Vida 0,7%

Contribuição Sindical/Assistencial 1,7%Cesta Básica 4,8%

Vale Transporte Total (-6%) 4,0%

Total de Benefícios 17,56%

Ben

efíc

ios

Na empresa do Augusto os encargos mais os benefícios alcançaram a cifra de 82,2% (64,64%

+ 17,56%), ou seja, a empresa tem um custo quase igual ao salário recebido pelo funcionário.

A transportadora possui 1,8 motoristas por caminhão - são 182 motoristas para 101 veículos.

O salário médio de um motorista na empresa do

Augusto, incluindo o dele, é de R$ 1.800,00.

MO de Motorista = 1,8 x ( 1 + 82,2% ) x R$

1.800,00

MO de Motorista = R$ 5.903,28

Com mais este custo a planilha de custo

operacional do veículo ficou assim:

Mas esta não foi a única diferença encontrada.

Quando Augusto olhava para a estrutura

administrativa que a sua empresa possuía,

juntamente com seus custos, comparados com

Planilha de Custo Operacional do Veículo

Depreciação do veículo 1.175,00R$

Remuneração de capital investido 519,25R$

Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc 337,00R$

Seguro do Veículo 1.050,00R$

Total do custo fixo mensal 3.081,25R$

MO de Motorista 5.903,28R$

Total do custo fixo mensal com MO 8.984,53R$

Manutenção 0,240R$

Combustível 0,824R$

Pneus 0,071R$

Lubrificantes 0,024R$

Lavagens 0,044R$

Total do custo variável por km 1,203R$

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

21

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

os do José, parecia que o amigo não tinha este tipo de custo (administrativo).

Só a lista dos custos era enorme:

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

22

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Salários, ordenados e honorários de

Diretoria

Salários Funcionários

Honorários

Encargos sociais

Benefícios concedidos

Aluguéis

Aluguéis de áreas e imóveis

Aluguéis de equipamentos

Tarifas de serviços

Água

Energia elétrica

Correio

Telefone, fax , EDI etc.

Provedores de Internet

Serviços profissionais

Serviços de manutenção,

conservação e limpeza

Serviços profissionais de terceiros

(contador, advogado, etc)

Serviços de processamento de

dados

Serviços de atendimento ao

cliente

Impostos e taxas

IPTU

CPMF

IOF

Multas

Outros impostos

Depreciações

Depreciação de máquinas e

equipamentos

Depreciação de móveis e

utensílios

Outros custos

Material de escritório e limpeza

Viagens, estadias e condução (taxi)

Despesas legais e judiciais

Contribuições e doações

Uniformes

Despesas com promoções, brindes

e propaganda

Despesas com conservação de

bens e instalações

Despesas financeiras

Taxas bancárias

Refeições e lanches

Fotocópias

Veículos auxiliares

OUTROS

Propaganda e Promoções

Observando a relação de despesas administrativas e de terminais (DAT) verifica-se que,

basicamente, se trata de dois grandes grupos de custos:

Salários e encargos sociais do pessoal não envolvido diretamente com a operação dos

veículos (todos na empresa com exceção dos motoristas, ajudantes e do pessoal da

oficina);

Outras despesas necessárias ao funcionamento da empresa, como aluguel, impostos,

material de escritório, comunicações, depreciação de máquinas e equipamentos etc.

O total destas despesas deve ser pago pelos serviços prestados, Entretanto, eles não estão

ligados diretamente aos mesmos, ou seja, é muito difícil, por exemplo, calcularmos quanto

do salário da telefonista deve ser apropriado a uma viagem de dois dias que um caminhão

da empresa fez para um determinado cliente.

Assim, este valor deve ser distribuído entre todos os serviços, usando uma regra arbitrária de

rateio. Lembrando que uma parte do valor recebido deve ser para pagar as despesas

indiretas, e sem o mesmo o resultado da operação será comprometido, já que a empresa

terá que tirar o valor do seu lucro para honrar estes custos – isto se, o mesmo for suficiente.

Pode-se dizer que há inúmeras formas de realizar este rateio, pois, depende da imaginação

de cada um. Contudo, existem algumas formas clássicas de fazê-lo, são elas:

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

23

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Usando a sua “grande” influência Augusto conseguiu levantar boa parte dos custos

administrativos da sua empresa, para que eles pudessem prosseguir em sua empreitada. São

elas:

Total das Despesas Administrativas = 504.353,30

SALÁRIOS, ORDENADOS E HONORÁRIOS DA DIRETORIA 233.634,98 IMPOSTOS E TAXAS 29.976,44

01 - Salário-base do Pessoal Administ. e de Terminais 84.029,00 01 - IPTU 1.918,10

02 - Encargos Sociais 52.097,98 02 - IOF 16.583,50

03 - Honorários de Diretoria 35.120,00 03 - Multas 7.948,84

04 - Participação nos Lucros 36.332,00 04 - Outros Impostos e taxas 3.526,00

05 - Benefícios 26.056,00

ALUGUÉIS 57.631,73 DEPRECIAÇÕES e REMUNERAÇÕES 27.989,00

01 - Aluguéis de Áreas (Armazém.Ofic.Administ.Estac.) 52.482,17 01 - De máquinas e equipamentos 24.029,00

02 - Aluguéis de Equipamentos 5.149,56 02 - De móveis e utensílios 3.960,00

TARIFAS PÚBLICAS 41.443,51 OUTROS CUSTOS 56.492,00

01 - Água 2.929,01 01 - Material de Escritório e de Limpeza 8.155,00

02 - Energia elétrica 8.267,49 02 - Viagens, Estadias e Condução 12.847,00

03 - Correio 6.553,24 03 - Despesas Legais e Judiciais 2.620,00

04 - Telefone e internet 23.693,77 04 - Contribuições e Doações 6.891,00

05 - Uniformes 8.140,00

SERVIÇOS PROFISSIONAIS 45.728,36 06 - Despesas de Promoção, Brindes e Propaganda 2.355,00

07 - Despesas de Conservação de Bens e Instalações 5.500,00

01 - Serviços de Manutenção, Conservação e Limpeza 15.915,03 08 - Despesas Diversas 1.500,00

02 - Serviços Profissionais de Terceiros 18.990,99 09 - Refeições e lanches 3.800,00

03 - Serviços de Processamento de Dados 8.322,33 10 - Cópias e xerox 1.177,00

04 - Serviços de Atendimento ao Cliente 2.500,00 11 - Outras 3.507,00

SEGURO DE VIDA EM GRUPO 11.457,29

01 - Seguros de vida 11.457,29

DESPESAS ADMINISTRATIVAS E DE TERMINAIS

Depois de analisar os prós e os contras de cada opção de rateio e tomando alguns cuidados

para não prejudicar alguma rota ou operação, sobrecarregando as mesmas com excesso de

custos indiretos.

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

24

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Eles concluíram que a opção mais simples e prática seria a do faturamento. E, assim, com o

faturamento médio e as despesas médias eles fizeram o cálculo:

Faturamento médio mensal = R$ 3.462.000,00

Despesas administrativas médias mensais = R$ 504.353,30

= 00,000.462.3

30,353.504 = 14,6%

Por fim, a última diferença encontrada na apuração do custo do autônomo e da empresa

foram os impostos, que para as empresas transportadoras a relação é um pouco maior:

PIS - Programas de Integração Social

COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CSSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido

IRPJ – Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica

ICMS/ISS – Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço/Imposto sobre Serviço

INSS sobre o Faturamento

As alíquotas variam em função do regime adotado ou imposto pela faixa de faturamento da

empresa.

Na empresa de Augusto os valores eram os seguintes:

PIS 0,65%

COFINS 6,00%

CSSLL 1,50%

IRPJ 1,50%

Totalizando 9,65% sem o ICMS que varia em função do estado.

No mais é aplicar a fórmula do mark up da mesma forma que foi feito para os autônomos.

Contudo, como se optou pelo rateio das despesas administrativas pelo faturamento, deve-se

incluir o percentual de participação na somatória.

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

25

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

MARK UP = 1 / [ 1 – ( 9,65% + 14,6%) ] = 1,3196 (só impostos e administrativo)

E, considerando uma margem de 15%, vem:

MARK UP = 1 / [ 1 – ( 9,65% + 14,6% + 15%) ] = 1,6452 (impostos + administrativo + lucro)

Para que pudessem comparar, José sugeriu que eles calculassem o frete para a mesma

viagem que foi usada no caso do José:

Distância percorrida na ida e na volta ........ 900 km

Duração do serviço ..................................... três dias (tempo ajustado para uma operação

com a utilização de 1,8 motoristas)

Despesas de viagem - Pedágios R$ 125,00

Cálculo do preço da Diária

Custo fixo mensal do veículo R$ 8.984,33

Dias trabalhados por mês pelo veiculo 22 dias

Diária paga ao motorista R$ 35,00

Preço por dia = 8.984,33 + R$ 35,00

22

Custo por dia = R$ 443,39

Custo do Tempo

Custo do Tempo = Duração Serviço x Custo DIA = 3,0 dias x 443,39 = R$ 1.455,16

Custo da Quilometragem percorrida

Custo km = Distância x Custo km = 900 km x 1,203 = R$ 1.144,05

Custo do Serviço = Tempo + Quilometragem + Despesa de Viagem

= 1.455,16 + 1.082,27

Custo do Serviço = R$ 2.537,42

Assim como foi feito no caso do José, para incluir os impostos, a margem de lucro e, nas

empresas, as despesas administrativas, é necessário multiplicarmos o custo do serviço pelo

mark up, para apurar o valor do frete da viagem.

Frete (viagem) = 2.537,42 x 1,6452

Frete (viagem) = R$ 4.174,66

Para que eles chegassem ao valor da tonelada bastou dividir o frete viagem pela capacidade

útil do caminhão, que no caso do José era um veículo truck de 14 toneladas.

Frete (ton) = Frete (Viagem) ÷ Carga Útil

= 4.174,66 ÷ 14

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

26

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Frete (ton) = R$ 298,19

Frete mínimo (margem de Lucro Zero) = 2.537,42 x 1,3196

Frete mínimo (margem de Lucro Zero) = R$ 3.348,34 ou R$ 239,17/ton

Para ter certeza do valor alcançado, os amigos resolveram fazer um demonstrativo do frete

calculado e verificar como estavam distribuídos os custos.

Demonstrativo

Depreciação do veículo 160,23R$ 3,8%

Remuneração de capital investido 70,81R$ 1,7%

Licenc., seg. obrigatório, IPVA etc 45,95R$ 1,1%

Seguro do Veículo 143,18R$ 3,4%

Mão de Obra de Motorista 804,99R$ 19,3%

Manutenção 216,00R$ 5,2%

Combustível 741,18R$ 17,8%

Pneus 63,62R$ 1,5%

Lubrificantes 21,87R$ 0,5%

Lavagens 39,60R$ 0,9%

Despesas de viagem - Pedágios 125,00R$ 3,0%

Despesas de Viagem - Diárias motoristas 105,00R$ 2,5%

Despesas Administrativas e de Terminais 608,18R$ 14,6%

Impostos 402,85R$ 9,7%

Margem de Lucro 626,20R$ 15,0%

4.174,66R$ 100,0%

Seguindo o mesmo raciocínio deduziram que poderiam montar uma tabela de frete da

seguinte forma:

Diária (frete) R$ 443,39 x 1, 6452 R$ 729,48

Km R$ 1,203 x 1,6452 R$ 1,9784

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

27

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

Tempo do Serviço km rodado Despesas de viagem

[$ Diária] x [Tempo] + [$km] x [km rodado] + [Total Despesas] x [MKP]

3 900 R$ 230,00

3 x 729,48 900 x 1,9784 230,00 x 1,6452

R$ 2.188,43 R$ 1.780,58 R$ 378,40

R$ 4.347,41 ou por ton ? R$ 310,53

3,5 1.100 R$ 180,00

3,5 x 729,48 1.100 x 1,9784 180,00 x 1,6452

R$ 2.553,16 R$ 2.176,26 R$ 296,14

R$ 5.025,57 ou por ton ? R$ 358,97

7 2.800 R$ 290,00

7 x 729,48 2.800 x 1,9784 290,00 x 1,6452

R$ 5.106,33 R$ 5.539,58 R$ 477,12

R$ 11.123,02 ou por ton ? R$ 794,50

São Paulo - Rio de Janeiro

(Ida e Volta)

São Paulo - Belo Horizonte

(Ida)

São Paulo - Salvador

(Ida e meia volta)

Descrição da Rota

Mas, ambos ficaram ainda com uma dúvida: será que as transportadoras só tinham estes

custos?

Onde está o custo das indenizações pagas por extravios e avarias de carga? Por exemplo.

E o custo com as devoluções e reentregas de cargas?

Onde está contemplado o custo com o gerenciamento de risco?

Foi neste momento que eles resolveram chamar mais um conhecido transportador, Sr

Roberto, para uma conversa, com a intenção de esclarecer as dúvidas que surgiram.

Na conversa o Roberto explicou que tudo que eles haviam calculado, de forma correta, se

referia a apenas um dos componentes tarifários da tabela de frete de uma transportadora.

Contudo, quando envolve uma empresa, com todas as responsabilidades e riscos imputados

a ela, por lei ou pelo mercado, deve-se acrescentar mais três ou quatro componentes

tarifários:

1. Frete-peso

2. Taxa de Despacho

3. Frete-valor

4. GRIS

5. Tabela de Generalidades

1. Frete-peso

Destina-se a remunerar os custos de Transferência (operação rodoviária) bem como as

Despesas Administrativas e de Terminais (DAT), impostos e margem de lucro. O frete deve

ser calculado para uma cubagem mínima determinada, em geral entre 200 e 300 kg/m³.

Seu valor, como foi demonstrado até agora em R$/viagem, R$/unidade de transporte ou, em

alguns casos, em R$/despacho, variável com o peso da carga e a distância percorrida.

Sr Roberto também os ensinou a fazer o fracionamento do frete quando a carga for

fracionada (pequenos pacotes), ou seja, estamos falando de cargas com peso bem abaixo de

uma tonelada:

O modelo apresentado foi o seguinte:

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

28

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

[Frete Tonelada]

Frete Fracionado = ------------------------ x [Peso Máximo do Pacote] x [FatorFracionamento]

1.000

Peso (kg) Até de 1 a 10 kg de 11 a 20 kg de 21 a 30 kg de 31 a 50 kg de 51 a 70 kg de 71 a 100 kg de 101 a 150 kg de 151 a 200 kg acima de 200 kg

Fator de

Fracionamento3,25 2,30 1,75 1,40 1,25 1,12 1,05 1,00 1,00

Por exemplo, para a primeira faixa de 1 a 10 kilos fica para a rota São Paulo – Rio de Janeiro:

Frete Tonelada = R$ 310,53 (da tabela)

Peso Máximo do Pacote = 10 kilos

FatorFracionamento = 3,25

Frete Fracionado = 310,53 / 1.000 x 10 x 3,25

Frete Fracionado = R$ 10,09

E, assim deve ser feito para as demais faixas.

Peso (kg) Até de 1 a 10 kg de 11 a 20 kg de 21 a 30 kg de 31 a 50 kg de 51 a 70 kg de 71 a 100 kg de 101 a 150 kg de 151 a 200 kg acima de 200 kg

Fator de

Fracionamento3,25 2,30 1,75 1,40 1,25 1,12 1,05 1,00 1,00

Frete R$ 10,09 R$ 14,28 R$ 16,30 R$ 21,74 R$ 27,17 R$ 34,78 R$ 48,91 R$ 62,11 R$ 0,31

2. Taxa de Despacho ou Coleta&Entrega

A função desta taxa é ressarcir os custos relativos ao transporte envolvidos na operação de

despacho e nas atividades de coleta e entrega no transporte de cargas fracionadas. Neste

caso, deve-se considerar o despacho como um conjunto de mercadorias acobertadas pela

mesma Nota Fiscal e admite-se, quando se trata de carga de um mesmo destinatário, o

agrupamento de Notas Fiscais em um mesmo despacho.

A apuração deste componente é simples: basta dividir o custo total do veículo utilizado nas

coletas e entregas pela média de coletas ou entregas feitas no mês.

Custos do veículo de coleta e entrega

- Fico mensal: R$ 5.675,00

- Variável por km: R$ 0,77

Outros dados levantados: cada veículo faz uma média de 378 de coletas/entregas

por mês e roda 3.800 km mensais.

Custo total mensal do veículo = [Fixo mensal] + [km rodado] x [Custo km]

Custo total mensal do veículo = [5.650,00] + [3.800] x [0,77]

Custo total mensal do veículo = R$ 8.601,00

Taxa de despacho = { [Custo TT mensal] ÷ [média de col/entregas] } x [MKP]

Taxa de despacho = { [8.601,00] ÷ [378] } x 1,6452

Taxa de despacho = R$ 37,44

3. Frete-valor

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

29

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

A partir do momento em que o transportador retira a carga na sua origem e fica de posse

dela até a sua efetiva entrega no destino - durante todo este período tudo que acontecer

com a carga é de sua responsabilidade.

Este componente, representado por percentual (%) sobre o valor da carga constante da Nota

Fiscal e variável com a distância a ser percorrida, destina-se a cobrir os custos com o seguro

obrigatório do transportador rodoviário de carga, RCTR-C (Decreto-Lei nº 73/66, art. 20,

“m”; e no Decreto nº 61.867/67, art. 10) e das instalações, além da administração deste e

demais seguros, bem como as despesas com indenizações de mercadorias não cobertas por

seguros (avarias de manuseio, violações, extravios, greves, motim, atos de vandalismos,

furtos simples, roubos nos depósitos, água de chuva, etc.) e os custos da mão de obra

utilizada nestas atividades.

Como o valor deste componente depende do valor da mercadoria, sua cobrança é feita em

percentual do valor da Nota Fiscal da mercadoria transportada. E, vai depender ainda, do

tipo de carga, da embalagem da mesma, das condições da rota, da distância a ser percorrida,

entre outras. De forma geral se adota valores compreendidos 0,15% a 1,2%.

Tabela de Frete valor sugerida pela NTC – Associação Nacional de Transporte de Carga

Faixa Alíquota

1 a 250 km 0,30%

251 a 500 km 0,40%

501 a 1.000 km 0,60%

1.001 a 1.500 km 0,70%

1.501 a 2.000 km 0,80%

2.001 a 2.600 km 0,90%

2.601 a 3.000 km 1,00%

3.001 a 3.400 km 1,10%

acima de 3.400 km 1,20%

4. Gerenciamento de Risco e Segurança - GRIS

Representado por um percentual (%) sobre o valor da Nota Fiscal, independentemente da

distância a ser percorrida (em substituição ao antigo Adicional de Emergência, ou ADEME),

tem como finalidade cobrir os custos específicos decorrentes das medidas de combate ao

roubo de cargas, notadamente as de prevenção de risco (segurança patrimonial de

instalações, rastreamento de veículos, entre outros), redução de risco (ociosidade dos

veículos determinada pela limitação do valor das mercadorias) e transferência de riscos

(Seguro de RCF-DC), além dos custos de mão de obra aplicada a essas atividades.

Para este componente também se convencionou a sua cobrança como um percentual do

valor da Nota Fiscal, no geral em torno de 0,3%.

5. (Tabela de) Generalidades

Os valores contidos nas tabelas de frete decorrem diretamente do serviço de transporte

prestado, entretanto, há diversas atividades inerentes à atividade principal de transporte, que

não são cobertas pelos componentes tarifários básicos (frete peso, frete valor, GRIS e taxa de

despacho). Nestes casos, deve-se complementar o frete devido com a cobrança das

generalidades, que podem ser compostas dos seguintes itens:

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

30

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IMPORTANTE: Sempre que o texto abaixo fizer referência a “frete original”, deve-se

entender como a somatória dos componentes tarifários: frete peso, frete valor, GRIS e a taxa

de despacho.

Algumas generalidades são comuns a todos os tipos de transportes (lotação, fracionada,

frigorificada, química, contêiner, carga viva, etc), com pequenos ajustes. São elas:

1. CUBAGEM

Entende-se por densidade de carga (peso/volume), o valor obtido dividindo-se o peso da

carga, em quilogramas pelo seu volume em metros cúbicos (= comprimento X largura X

altura, todos em metros).

Cargas de baixa densidade (leves), que lotem a carroceria antes de completar o limite de

peso, devem sofrer acréscimo no frete-peso.

A forma de cobrança está na conversão do peso real para o “Peso Cubado”, em valor

equivalente em quilo, para cálculo sobre o frete peso.

2. DEVOLUÇÃO DE MERCADORIAS

A devolução da mercadoria para a origem gera custos equivalentes ou maiores (dependendo

da rota ou região) ao do transporte para o destino. Portanto, deve-se cobrar adicionalmente

um novo frete, com o mesmo valor do frete original, para executar a devolução.

Por razões logísticas de frequência e rotas, recomenda-se a adoção de um novo prazo para

execução das atividades de devolução de mercadorias. A prática de mercado nestes casos é

a adoção do dobro do prazo original.

O valor a ser cobrado é o mesmo valor do frete original, acrescido do ICMS gerado.

3. ESTADIA DO VEÍCULO

Todas as vezes que o tempo de imobilização do veículo for superior aos prazos estipulados

em lei ou contrato, deve-se cobrar uma taxa adicional para o ressarcimento deste tempo

gasto a mais.

Esta taxa tem como base o custo fixo do veículo e a mão de obra utilizada na operação,

portanto, os valores são diferentes por tipo de veículo.

A cobrança deve ter como base o valor específico por tipo de veículo / dia ou hora (toco,

truck, conjunto carreta/cavalo e carreta) aplicado a partir da quinta hora da apresentação do

veículo no para a carga ou a descarga da mercadoria.

4. TAXA DE DIFICULDADE NA ENTREGA – TDE

Destina-se a ressarcir o transportador pelos custos adicionais sempre que a entrega for

dificultada por um ou mais dos seguintes fatores: 1) Recusa da mão de obra da

transportadora; 2) Recebimento por ordem de chegada, independentemente da quantidade;

3) Recebimento precário, que gere longas filas e tempo excessivo na descarga; 4) Exigência

de separação de itens no recebimento; 5) Exigência de tripulação superior à do veículo para

carga e descarga; 6) Disposições contratuais que agravem o custo operacional.

A aplicação da TDE não deve excluir a cobrança da estadia, pois suas finalidades são

diferentes.

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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A cobrança deve ser feita em percentual do frete original, normalmente acima de 40%.

5. TAXA DE RESTRIÇÃO AO TRÂNSITO – TRT

Destina-se a ressarcir o transportador pelos custos adicionais sempre que a coleta e/ou a

entrega for realizada em Municípios que possuam algum tipo de restrição à circulação de

veículos de transporte de carga e/ou à própria atividade de carga e descarga. Incluem-se

nesta generalidade as restrições impostas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,

Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Belém e outras que vierem a adotar medidas

semelhantes. Para centros importantes e complexos como São Paulo e Rio de Janeiro, onde

as restrições são muito severas, e consequentemente diminuem muito a produtividade dos

veículos, a TRT deve ser agravada para compensar os maiores custos.

Forma de cobrança: percentual do frete original.

6. TAXA DE FIEL DEPOSITÁRIO - TFD

Destina-se a ressarcir o transportador pelo período de permanência da carga em áreas de

operação de transporte motivado por entraves fiscais que geram apreensões de mercadorias

pela Secretaria da Fazenda, nomeando o transportador como Fiel Depositário (por definição:

auxiliar da justiça, cabendo-lhe a preservação e a guarda dos bens que lhe foram confiados).

Deve ser cobrada a partir do 1º dia corrido, a contar, da data de envio do aviso aos

responsáveis.

Forma de cobrança: percentual do valor da mercadoria ao dia, acrescida de Frete Valor e

GRIS.

7. ESCOLTA ARMADA

Nos serviços de transporte cuja carga exija escolta armada terrestre deverá ser cobrado um

valor por hora e por veículo utilizado, como forma de ressarcimentos dos custos envolvidos

nesta operação, assim como, todas as despesas decorrentes da sua administração.

A forma de cobrança sugerida é um valor por veículo/hora.

Outras generalidades são específicas de cada segmento de transporte. Por exemplo:

Generalidades da Carga Fracionada

1. TAXA DE PERMANÊNCIA DE CARGA

Leva em consideração o peso, valor e período de permanência da carga. Seu cálculo tem

como base a área de piso ou posição ocupada, pelo armazenamento da carga em áreas

destinadas a operações de transporte (“cross docking”), além do prazo estritamente

necessário ao serviço de transporte – atualmente, é consenso que este período deve ser de,

no máximo, sete dias corridos.

Visa ressarcir proporcionalmente os custos com a locação de armazéns (ou a remuneração

de capital das instalações), imposto predial, serviços de vigilância, despesas com seguro, etc.

A forma de cobrança é por tonelada/dia ou fração.

2. REENTREGA - SEGUNDA E TERCEIRA ENTREGAS

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

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Sempre que, por responsabilidade do usuário, a entrega não puder ser concretizada na

primeira tentativa, deverá ser cobrada a segunda entrega e as seguintes. O valor deste

serviço tem como base o custo correspondente à distância de ida e volta entre o

estabelecimento de destino e o polo ou terminal da transportadora mais próxima.

Observa-se, que o mercado convencionou a cobrança de um acréscimo de 50% do frete

original para o ressarcimento deste serviço.

Forma de cobrança: percentual do frete original.

3. PEDÁGIO

O parágrafo 4º do artigo 2º da Lei 10.209, de 23 de março do 2.001, determina o rateio do

custo do pedágio no caso de transporte de cargas fracionadas. A NTC apresenta em seu site

um detalhamento de cálculo para o fracionamento da mesma.

Forma de cobrança: valor fixado por 100 kg ou fração.

4. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO SEFAZ – TAS

Tem como função ressarcir os custos administrativos dos transportadores decorrentes dos

entraves fiscais e das exigências burocráticas.

Forma de cobrança: valor fixo por conhecimento emitido

Generalidades da carga fracionada cuja atuação se dá na região Amazônica

1. TAXA DE REDESPACHO FLUVIAL – TRF

Aplicada a cargas com destino às regiões onde se utiliza o transporte fluvial como

complemento. O valor cobrado é para ressarcir frete fluvial para atendimento do interior

destes estados.

Forma de cobrança: percentual do valor da mercadoria.

2. SEGURO FLUVIAL (origem/destino em Manaus - AM)

Esta taxa se destina às cargas com destino ou origem no estado do Amazonas, para ressarcir

as despesas extras com o seguro especial da carga em quanto esta estiver em vias aquáticas

(balsa).

Forma de cobrança: percentual do valor da mercadoria.

3. TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DA SUFRAMA

Esta taxa se destina a ressarcir o transportador das despesas decorrentes dos tramites

burocráticos que envolvem a SUFRAMA, tais como: despachantes, preparação e

acompanhamento das documentações junto aos órgãos competentes,

recebimento/envio/troca de arquivos eletrônicos.

Forma de cobrança: valor fixo por conhecimento emitido.

Calculando o Frete usando os Componentes Tarifários

Vejamos um exemplo de apuração do valor final de um frete de uma carga fracionada

considerando todos os componentes tarifários:

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Frete para o transporte de uma carga de 110 kg, valor de R$ 580,00, com as seguintes

dimensões: largura de 60 cm, por 110 cm de comprimento e 75 cm de altura. A coleta da

mesma deve ser em São Paulo com agendamento e a entrega é em local com restrição ao

tráfego de caminhões na cidade do Rio de Janeiro.

O frete é composto a princípio pelos componentes tarifários:

1. Frete peso

2. Taxa de Despacho

3. Frete valor

4. GRIS

5. Generalidades: TRT e Taxa de Agendamento

O primeiro procedimento a fazer é calcular o volume da carga e verificar se é necessário

fazer a cubagem da mesma:

Volume = [Comprimento] x [Largura] x [Altura] = [1,10 x 0,60 x 0,75] = 0,495 m3

Peso “cubado” = 0,495 x 300 = 148,5 kg

Neste caso o certo é usar o peso maior indicado pela cubagem da carga igual a 148,5 kg.

Feitos os devidos ajustes no peso, pode-se verificar o frete peso indicado pelo cálculo e os

demais valores.

1. Frete peso

Valor = R$ 48,91 (faixa de 101 a 150 kg)

2. Taxa de Despacho

Valor = R$ 37,44

3. Frete valor

Valor = [valor da carga] x [percentual custo valor]

[percentual custo valor] = 0,40% (faixa de 251 a 500 km)

Valor = R$ 580,00 x 0,40%

Valor = R$ 3,48

4. Gerenciamento de Risco – GRIS

GRIS = [valor da carga] x [percentual de GRIS]

Valor = R$ 580,00 x 0,30%

Valor = R$ 1,74

Frete original = [Custo peso] + [Despacho] + [Custo valor] + [GRIS]

Frete original = 48,91 + 37,44 + 3,48 + 1,74

Frete original = R$ 90,40

Alem dos componentes tarifários deve-se ser consideradas na cobrança das generalidades,

sempre que a operação exigir. Neste exemplo compreendem a TRT – Taxa de Restrição ao

Tráfego cujo valor é de 15% sobre o valor do custo-peso, ou seja:

TRT = [custo-peso + despacho + custo-valor] x [percentual de TRT]

TRT = 90,40 x 15% = 13,56

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É importante destacar que sempre que o valor calculado for inferior ao mínimo exigido,

deve-se aplicar a cobrança do valor mínimo definido. Observar os valores mínimos de cada

cobrança é fundamental para que a rentabilidade do negócio seja mantida.

Neste exemplo, há também a solicitação de um serviço adicional, ou seja, o agendamento da

coleta, assim, a cobrança deve ser feita com base em um percentual, neste caso adotou-se

20% sobre o frete total de R$ 90,40.

Agendamento = [custo-peso + despacho + custo-valor] x [percentual de Agendamento]

Agendamento = 90,40 x 20%

Agendamento = R$ 18,08

A operação de transporte de cargas fracionadas é a única em que a lei permite que se cubra

o pedágio do dono da carga, pois, quando a carga é lotação o embarcador da carga é que

deve pagar diretamente o pedágio. Assim, neste exemplo deve se calcular o valor a ser

cobrado de pedágio em função das frações de 100 quilos.

Nº frações de 100 kg = 148,5 ÷ 100 = 1,485 = 2 frações

Taxa adotada para a cobrança da fração de 100 kg para o pedágio será de R$ 4,50:

Taxa de Pedágio = [Nº frações] x [Taxa] = 2 x 4,50

Taxa de Pedágio = R$ 9,00

Conclusão o valor que deve ser cobrado por este serviço é composto de seis parcelas, sendo:

três componentes tarifários, dois generalidades e um serviço adicional:

1. Custo peso = R$ 48,91

2. Despacho = R$ 37,44

3. Custo valor = R$ 2,32

4. GRIS = R$ 1,74

5. TRT = R$ 13,56

6. Agendamento = R$ 18,08

7. Pedágios = R$ 9,00

A somatória é igual ao frete total do serviço, que neste caso resultou em R$ 131,05.

Generalidades do Transporte de Produtos Químicos e Agroquímicos Embalados

1. SERVIÇO DE ESTIVA (carga e/ou descarga)

As operações de carga ou descarga que ocorrerem fora das dependências da transportadora e que ficarem a cargo da mesma.

A forma de cobrança é por unidade (volume, peso, etc.) ou modelo aplicado nos pontos de coleta ou entrega, conforme o tipo de volume estivado.

2. TAXA DE ENTREGA EM ÁREAS RURAIS - TEAR

Esta generalidade é utilizada para ressarcir o acréscimo de custos gerados pelas condições precárias das estradas (ex. não pavimentadas), consumo maior de insumos (combustível, peças, pneus, etc), além da diminuição da velocidade média (tempo maior para a execução do serviço de transporte).

A forma de cobrança é em percentual do frete original.

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Generalidades do Transporte de Produtos Farmacêuticos

1. MÃO DE OBRA PARA CARGA/DESCARGA

O destinatário determina a quantidade de ajudantes adicionais conforme o volume de carga, mas a predominância é de um ajudante adicional para cada 200 a 300 volumes, independente do tamanho, peso ou embarcador, podendo este ser de equipe fixa, volantes ou mistas, desde que sejam fornecidas pelos transportadores e aprovadas pelos distribuidores.

Sua cobrança é feita por dia de utilização do funcionário.

2. ALLOWANCE PARA AVARIAS

Devido ao maior rigor das áreas de qualidade e associada à manipulação adicional das cargas, o que provoca pequenos amassamentos e a consequente recusa pelo mercado, há necessidade de tolerância mínima da quantidade de cartuchos considerados avariados.

A forma de cobrança é percentual sobre o valor do volume de cartuchos manuseados.

Generalidades do Transporte de Produtos com equipamento Silo

1. TAXA DE REALOCAÇÃO DE ENTREGAS

Sempre que, por solicitação do usuário, for necessário se fazer a realocação da entrega para local e data que diferirem da inicialmente contratada, deverá ser cobrada esta taxa. O valor deste serviço tem como base o custo correspondente à distância de ida e volta entre o local de destino estabelecido originalmente e o novo destino.

2. TAXA DE DESCARGA COM EQUIPAMENTO COMPRESSOR ACOPLADO AO VEÍCULO

Destina-se a ressarcir o transportador pelos custos gerados, pelo equipamento compressor, que envolvem, desde o capital empatado, a instalação e manutenção do mesmo, os custos operacionais, entre outros.

Para a sua cobrança sugere-se um valor por tonelada descarregada através do equipamento compressor.

Generalidades do Transporte de Contêiner

1. PRÉ-STACKING

Ocorre quando há necessidade de armanar o contêiner no pátio da transportadora por algum motivo, antes de ser levado ao terminal de embarque. Inclui o handling in/out e armazenagem por tempo pré-determinado pela empresa.

Forma de cobrança: valor diferenciado por contêiner de 20’ ou 40’ pelo período pré-determinado pela empresa.

2. TAXA PARA CUMPRIMENTO DO DRAFT (Siscarga)

Ocorre devido à necessidade de retirada antecipada do contêiner vazio e remoção para o terminal da transportadora para obtenção dos dados do contêiner para atendimento do draft documental na exportação.

Forma de cobrança: valor diferenciado por contêiner de 20’ ou 40’.

3. TAXA DE DECLARAÇÃO DE TRÂNSITO ADUANEIRO – DTA

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Na importação, o contêiner tem a opção de ser desembaraçado nas Estações Aduaneiras do Interior – EADI. Nesse caso, o transporte entre o porto e a EADI é realizado em regime DTA, dentro de uma janela de tempo determinada pela Receita Federal, e o transportador assume a responsabilidade solidária perante a Receita Federal. Por todas estas razões o transportador deve ser remunerado por tal serviço.

Forma de cobrança: valor por contêiner.

4. INDEFERIMENTO DE DTA

No caso de indeferimento da DTA e consequente dispensa do veículo, será cobrado um valor sobre o percentual do custo peso.

Forma de cobrança: percentual sobre o custo peso.

5. TAXA DE MANUSEIO (handling in/out) – cheio ou vazio

Todas as vezes que for necessária a retirada do contêiner do caminhão, por motivos alheios a necessidade exigida na operação de transporte, deverão ser cobrados os custos envolvidos nas movimentações de embarque ou desembarque do container no caminhão (handling IN/OUT).

Forma de cobrança: valor por movimentação.

6. TRANSPORTE DE CONTÊINER DE PRODUTOS QUÍMICOS/PERIGOSOS

Para o transporte de contêiner cujo conteúdo seja composto de produtos classificados como químico e/ou perigoso (IMO / ONU) os custos envolvidos devem ser majorados.

Forma de cobrança: percentual sobre o valor do custo de frete apurado.

Generalidades do Transporte de Rodoviário de Carga Internacional

1. TAXA DE DECLARAÇÃO DE TRÂNSITO ADUANEIRO – DTA

Semelhante ao transporte de Contêiner.

2. TAXA PARA CARGAS ALIMENTÍCIAS (ANVISA)

Para as cargas que envolvam a sua liberação pela ANVISA, será cobrado um valor adicional por conta do período relativo à execução do mesmo, em percentual do custo peso.

Forma de cobrança: percentual sobre o custo peso.

SERVIÇOS ADICIONAIS

Atividades extras que não são atribuições do serviço de transporte, mas que são solicitadas

pelos clientes, ou oferecidos pelas transportadoras como complemento, têm seu custo

próprio e deve ser cobradas de forma complementar ao frete. As mais comuns são:

1. SERVIÇO DE UNITIZAÇÃO OU PALETIZAÇÃO DE CARGA

O serviço de montagem de paletes ou unitização de carga pelo transportador deve ser

cobrado à parte. Observa-se que este serviço não contempla o fornecimento do palete pelo

prestador do serviço.

Forma de cobrança: por palete padrão PBR de 1,00x1,20m manuseado/montado ou unidade

montada.

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2. TAXA DE AGENDAMENTO - ENTREGAS AGENDADAS

Entregas com agendamento prévio geram custos adicionais com: controles paralelos,

telefone, transmissão de fax e e-mails, separação especial de cargas/lotes, uso de horários

diferenciados e pessoal dedicado etc. Além disso, expõe a carga a maiores riscos, necessita a

utilização de maior número de veículos e mão de obra, mais espaço no depósito, entre

outros.

Forma de cobrança: percentual do frete original.

3. DEVOLUÇÃO DE CANHOTOS DE NOTAS FISCAIS

O conhecimento de transporte, assinado pelo destinatário é o documento hábil para

comprovar a entrega da mercadoria. Ele pertence ao arquivo da transportadora e é

apresentado sempre que for solicitado.

Assim, as devoluções das notas fiscais ou os canhotos assinados ao remetente, para

comprovar a entrega, constitui serviço adicional não incluído nos custos normais. Toda vez

que este serviço for solicitado, deve-se cobrar um valor suficiente para ressarcir os custos

envolvidos: funcionários, móveis, equipamentos e formulários. Da mesma forma, deve ser

cobrado, sempre que exigido, o fornecimento de cópias de documentos originais.

Se houver condicionamento do pagamento do frete à devolução de canhotos de Notas

Fiscais e/ou comprovantes de entregas, devem ser acrescidas, caso haja as eventuais

despesas financeiras resultantes da dilatação do prazo de cobrança.

Forma de cobrança: por documento ou canhoto entregue.

4. ENTREGAS COM A EXIGÊNCIA DE VEÍCULOS DEDICADOS

Nos casos de solicitação de entregas com veículos exclusivos em que o cliente não aceita o

compartilhamento da sua carga com a de outras empresas, ou nas situações onde a

transportadora não pode esperar a consolidação da carga, devido à urgência imposta para a

realização da entrega, o solicitante deve arcar com o frete lotação do veículo utilizado na

entrega, mesmo que a carga não ocupe a totalidade da capacidade do mesmo.

Forma de cobrança: por entrega.

5. COLETAS/ENTREGAS FORA DE DIAS E HORÁRIOS NORMAIS DE OPERAÇÃO

O serviço regular de transporte prevê a realização de coletas/entregas de segunda a sexta

feira em horário comercial. A coleta fora dos dias e horários normais de operação, aos

sábados, domingos, feriados e a noite, exige o uso de pessoal em regime de hora extra,

acarreta ociosidade nos veículos, custos administrativos aos terminais e outras atividades

que elevam consideravelmente os custos.

Forma de cobrança: percentual do frete original.

6. PAGAMENTO A PRAZO

Forma de acréscimo: adicional ao total da fatura

Os valores das tarifas de fretes são para pagamento à vista. Os custos do pagamento a prazo

deverão ser acrescidos de juros idênticos aos cobrados pelos bancos para desconto de

duplicatas, mais despesas para respectivas cobranças.

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Observação: Outros serviços adicionais poderão ser incorporados aos apresentados

conforme a demanda.

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Fim da Estória

Como ambos imaginavam, a participação dos custos operacionais do caminhão no frete é

muito grande. Neste caso chegou a mais de 85% do que José recebeu. E, José ainda lembrou

que dos R$ 331,28 que sobrou do frete analisado, ainda tinha que tirar algumas despesas,

tais como: pedágios dos retornos sem carga, custos financeiros, deslocamentos vazios entre

um cliente e outro, etc. Ou seja, nem de longe sobra aquilo que ele e o amigo imaginavam

inicialmente e, assim, chegaram a conclusão que o melhor a fazer para aumentar o lucro era

produzir mais: aumentando os dias trabalhados no mês e diminuindo o tempo de viagem

sem arriscar o pescoço correndo demais; além de trabalhar incansavelmente na diminuição

dos custos: economizando combustível, pneus, peças, etc.

Alguns meses depois, em outro restaurante de beira de estrada, José e Augusto se

encontraram novamente. José contou que havia contratado outro motorista para trabalhar

com seu caminhão nas suas folgas. E, que só estava parando o caminhão para as

manutenções programadas, além de estar economizando o máximo possível: dirigindo com

mais cuidado e comprando produtos de melhor qualidade e maior rendimento.

Augusto, por outro lado, contou que mostrou a seu chefe as contas e as conclusões que

ambos chegaram e além de receber elogios, recebeu uma promoção: foi incumbido de

ensinar aos demais motoristas o que os dois haviam aprendido.

É sempre bom lembrar que um bom frete não é tudo, pois ele é apenas parte do problema.

O negócio transporte depende também dos custos, e da quantidade produzida. Assim, não

adianta conseguir um frete muito bom se este for o único do mês. A receita ótima e o lucro

vêm do equilíbrio entre frete cobrado e a quantidade de serviços realizados.

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O bom negócio é aquele onde o comprador e o vendedor saem satisfeitos, pois ambos de alguma forma sentem que ganharam algo.

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Equipe responsável pela atualização deste Manual

Eng.: Antonio Lauro Valdivia Neto

Eng: João Roberto Valdivia

Diagramação e publicação: Samuel Rocha

Visite também os nossos sites

Guia do TRC – WWW.guiadotrc.com.br

Tabelas de Frete – WWW.tabeasdefrete.com.br

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Sistema para calculo de frete: RentaVision-Frete

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- Como Calcular Custos e Fretes Este vídeo apresenta de forma detalhada e didática os principais conceitos, métodos e

ferramentas para o cálculo de forma bastante prática do custo operacional dos principais

veículos de transporte rodoviário. Você aprenderá a montar a planilha de custos de

qualquer tipo de veículo: automóveis, caminhões, ônibus, empilhadeiras e equipamentos

diversos.

- Calculando Custos Operacionais de Veículos Rodoviários Este curso é voltado para os profissionais de transportadoras, operadores logísticos e

embarcadores, responsáveis pela construção e manutenção de tabelas de fretes. Nele, você vai

aprender a identificar, planilhar e calcular os diversos custos formadores do preço do frete

rodoviário de cargas, assim como promover a sua atualização com base no INCT e demais índices

de mercado.

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Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

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Manual Prático de Cálculo de Frete (Rodoviário)

CUSTOS DIRETOS DO VEÍCULO

CUSTO FIXO MENSAL

Depreciação do veículo

PREÇO DO CAMINHÃO VALOR DO CAMINHÃO Resultado 1 Constante 1 CUSTO MESNSAL DE

MAIS NOVO USADO DEPRECIAÇÃO

Remuneração de capital investido

PREÇO DO CAMINHÃO VALOR DO CAMINHÃO Resultado 1 TAXA DE JUROS CUSTO MENSAL

MAIS NOVO USADO ANUAL DE REMUNERAÇÃO

Licenciamento, seguro obrigatório, IPVA, seguro do casco, etc

ANUAL Parcelas MENSAIS

Licenciamento R$ 12 R$

Seguro Obrigatório R$ 12 R$

IPVA R$ 12 R$

Despachante R$ 12 R$

Seguro do veículo R$ 12 R$

TOTAL Mensal de R$

CUSTO VARIÁVEL POR QUILÔMETRO

Manutenção – peças e mão de obra

GASTO COM MANUTENÇÃO INTERVALO EM KM CUSTO POR KM

DE MANUTENÇÃO

Combustível

PREÇO DO LITRO CONSUMO MÉDIO EM km/l CUSTO POR KM

DO COMBUSTÍVEL DE COMBUSTÍVEL

Pneus

Preço Durabilidade em km

Pneu novo

(3)

(1)

24 (2)

(4)

)

(5)

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1ª recapagem

2ª recapagem

3ª recapagem

Total

QUANTIDADE DE PNEUS PREÇO TOTAL DURABILIDADE EM KM CUSTO POR KM

DO CAMINHÃO DE PNEUS

Lubrificantes (óleo de motor)

CAPACIDADE DE CARTER REMONTA DE óleo Quantidade total de litros

QUANTIDADE DE LITROS =

Quantidade total de litros PREÇO DO LITRO DE ÓLEO INTERVALO DE TROCA CUSTO POR KM

DE ÓLEO de motor EM KM DE PNEUS

Lavagem

QUANTIDADE DE PREÇO DE CADA QUILOMETRAGEM CUSTO POR KM

LAVAGENS POR MÊS LAVAGEM RODADA POR MÊS DE LAVAGEM

PLANILHA DE CUSTOS OPERACIONAIS DE CAMINHÕES

DEPRECIAÇÃO DO CAMINHÃO (1)

REMUNERAÇÃO DE CAPITAL (2)

LICENC., SEG. OB., IPVA, ETC (3)

TOTAL DE CUSTO FIXO MENSAL (A)

MANUTENÇÃO (4)

COMBUSTÍVEL (5)

PNEUS (6)

LUBIFICANTES (7)

LAVAGEM (8)

TOTAL DO CUSTO POR KM (B)

+

(6)

(7)

(8)

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

45

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

x =

+ =

+

1

1 -

CÁLCULO DO CUSTO DA DIÁRIA

Custo Fixo mensal do caminhão DIÁRIA

Diária (viagem)

Diária (Total)

CÁLCULO DO MARK UP

Imposto 1 (exemplo PIS)

Imposto 2 (exemplo COFINS)

Imposto 3 (exemplo IR)

Imposto 4 (exemplo CSLL)

Comissão de venda

Somatória Total (F) MARK UP =

(MKP)

Lembre-se que junto com os impostos pode ser somada as despesas administrativas, desde que a mesma esteja em percentual do faturamento. E, caso o objetivo seja calcular o frete a ser cobrado deve-se incluir também a margem de lucro,

VALORES PARA O CÁLCULO DO CUSTO DA VIAGEM

Custo da Diária

x (MKP)

Custo do km

CUSTO DA VIAGEM

Custo da viagem =

CÁLCULO DA DIFERENÇA

Diferença

(D)

(B1)

(C1)

(A)

x

Dias de viagem

Distância percorrida

Custo da diária

Custo do km

(C)

(C)

(B)

Frete Recebido

SOMATÓRIA TOTAL

DOS IMPOSTOS

(C1)

(B1)

÷ dias

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

46

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

=

(D)

Custo da viagem

MANUAL PRÁTICO DE CÁLCULO DE FRETE

47

Eng. Lauro Valdivia & Eng. Roberto Valdivia

QUADRO RESUMO

Custos Operacionais de Caminhões

Fixo mensal

Depreciação do caminhão (1)

Remuneração de capital (2)

Licenc., seg. obrigatório, IPVA, etc

(3)

Total - custo fixo mensal (A)

Variável por km

Manutenção (4)

Combustível

(5) Pneus

(6)

Lubrificantes (7)

Lavagens (8)

Total - custo variável por km (B)

Custo da Diária (C) Custo do km (B)

Preço da Diária * Preço do km *

* Valores calculados utilizando o Mark up com despesas administrativas e margem de

lucro